Em um momento no entretenimento dominado por anti-heróis, desde Don Draper e Heisenberg aos Lannisters, o personagem Alex, de Laranja Mecânica, mostra um tipo específico de anti-herói, o dito “psicopata glamuroso”. Ao contrário do anti-herói clássico, ele não possui uma história de origem trágica que nos faz simpatizar com o personagem, mas se apoia em outros traços dele.

Com Alex, somos atraídos por sua elegância e aparente superioridade. Ele parece ser mais inteligente e fazer o que faz melhor do que os demais.

Desde o lançamento de Laranja Mecânica em 1971, essa forma de anti-herói é utilizada em diversos outros produtos visuais, desde Lobo de Wall Street a diversos clipes, como o de “Bitch Better Have My Money”, de Rihanna.

Algo que eleva Alex ao status de ícone como anti-herói, entre outras coisas, é sua personalidade. Alex é inteligentíssimo, aprecia cultura (um exemplo é seu fascínio por Beethoven), usa um vocabulário rebuscado, além de até criar suas próprias palavras, o que nos obriga a prestar atenção em tudo o que ele diz, e é interpretado por Malcolm McDowell de forma charmosa, mas perturbadora, como Ramsay Bolton, de Game of Thrones.

A narração do personagem também nos aproxima dele, a medida em que acompanhamos sua jornada em um mundo que parece mais perturbado até do que ele. Acabamos de certa forma torcendo para que ele volte a ser seu “verdadeiro eu”, por mais assustador que ele seja.

Visualmente, Alex é colocado quase sempre no centro da tela, muitas vezes sendo filmado por um ângulo inferior, assim parecendo maior, superior a nós, que assistimos.

Por mais perturbado que o personagem seja, todos os demais se mostram desonestos de alguma forma. O tempo todo sabemos as reais intenções de Alex, o que os outros personagens não demonstram como ele.

Nosso entretenimento mostra que nós, como espécie, buscamos certa violência, mas não agimos dessa forma por conta de amarras sociais. Através do “psicopata glamuroso” no entanto, conseguimos viver essa realidade que não vivemos no dia-a-dia.

Mais sobre esse “psicopata glamuroso” específico, no vídeo do ScreenPrism:

 

De grão em grão, tanto bate até que fura.