Sinapse por Pedro Hutsch Balboni, 07/07/2009 às 17h55

livros Newronio ESPM

Com alguns temas já levantados aqui, no próprio Newronio, já é hora de retomar o pensamento sobre como serão os livros no futuro, e, junto com ele, o como consumimos e produzimos informações.

No fundo, é disso que se trata: informação. O livro, o CD, o DVD, o BluRay, o Disquete, o Vinil, o Jornal, o Pendrive, são todos mídias para determinada informação, ou seja, apenas um suporte que consiga armazená-la e reproduzí-la apropriadamente. Até mesmo os blogs e toda a internet servem para dar suporte a essas informações (além de funções complementares, como fazer informações diferentes interagirem, por exemplo). Mas o que é a informação?

Ecb Newronio ESPM

Segundo a definição encontrada no Wikipédia, “Informação é o resultado do processamento, manipulação e organização de dados de tal forma que represente uma modificação (quantitativa ou qualitativa) no conhecimento do sistema (pessoa, animal ou máquina) que a recebe.” Assim sendo, informação são dados processados. Toda vez que temos uma informação nova que julgamos ser importante, o que fazemos? Nós a registramos, tanto para nós mesmos não nos esquecermos dela, quanto para que outros possam tomar contato e desenvolvê-la, aplicá-la, ou o que for. A forma mais primitiva que temos dessa afirmação são os desenhos realizados pelo chamado homem pré-histórico. E o que é a pré-história?

pre historia Newronio ESPM

A pré-história é como chamamos um período histórico do qual temos pouco ou nenhum registro, apenas indícios deixados, fragmentados como se fossem um quebra-cabeça que a humanidade tenta montar desde sempre (ontem assisti um documentário na Discovery, sobre a origem da vida, acho que estou um pouco na onda do programa ainda, hehe). A chamada “História da Humanidade” nasce junto com a escrita, ou seja, quando o homem passou a conseguir registrar informações através de símbolos que podem ser entendidos por mais pessoas além dele mesmo, e assim lidas pelas gerações futuras. Tudo isso foi dito para explicar isso, que a escrita é a forma mais primitiva de registrar informações inventada pelo homem, através de códigos (a escrita) que evoluíram e tomaram rumos diversos nos dias de hoje, onde há códigos para formar imagem, áudio e vídeo. (Aliás, veja aqui um site legal usando letras para formar imagens).

querido diario Newronio ESPM

Sendo assim, fica mais fácil de entender o livro apenas como uma plataforma para o conteúdo. E da mesma maneira que a escrita primitiva evoluiu e originou códigos que só podem ser lidos e reproduzidos apropriadamente por máquinas, surgiram novas plataformas para eles. Repito: já falei mais diretamente sobre como deverão ser os livros futuramente, estou apenas ampliando o raciocínio. Uma nem tão nova plataforma para o conteúdo são os e-books, como o Kindle da Amazon, que são capazes de armazenar vários títulos no mesmo aparelho, além de oferecer a possibilidade de gerar hiperlinks, como as letras “azuizinhas” que vez ou outra aparecem aqui neste texto, que levam para outras páginas na internet. 

SINAPSE Newronio ESPM

Os hiperlinks são algo de que se vale a pena falar. Linkar páginas, ou seja, ligar os dados, é justamente o que cria a informação. Essa maneira de escrever e de ler, com a possibilidade de estar sempre associando assuntos relacionados a fim de construir um raciocínio, é algo que, ao mesmo tempo é inovadora, quanto um tanto natural. Afinal de contas, é isso que nosso cérebro faz, através de sinapses entre neurônios (e por isso assinamos com “sinapse por” em nossos posts).

Betamax vhs Newronio ESPM

Um fator determinante para os e-books conseguirem ir mais adiante nessa batalha contra os livros é seu conteúdo, porque no fim das contas é isso que o consumidor busca quando vai atrás de um ou de outro. Um exemplo legal de ser citado é o do Betamax. Alguém se lembra dele? Mas todos se lembram do VHS, certo? (Tá, caso tenha alguém ainda MUITO jovem – ou alienado – lendo isto, VHS é o antecessor do DVD). As duas plataformas de vídeo competiram pelo mercado na mesma época, e a qualidade do betamax era muito superior ao do VHS. Acontece que os filmes de Holywood saíam apenas em VHS, e isso foi decisivo para sua vitória comercial. (*Atualizando – O leitor Tiago fez uma observação muito interessante nos comentários – abaixo – sobre a necessidade de pagar royalties para a Sony quando se ia fabricar um videocassete compatível com o Betamax, vale dar uma lida).

Máquina Newronio ESPM

Outra “inovação” é uma máquina de fazer livros. O que isso tem de novo? Elá é rápida. Em 5 minutos, é capaz de imprimir e encadernar o livro que você escolher dentro de um acervo de 500 mil títulos. Mais ou menos o tempo que você está levando para ler este post – é, eu sei, não está curto. E deve ser parecido também com aquelas máquinas de salgadinhos. O fato é que ela pode ser bastante útil na batalha contra as lojas virtuais, além de resolver problemas como os de títulos esgotados e títulos encalhados. Eu, particularmente, sentirei um pouco de falta daqueles vários livros espalhados para todos os cantos, mas certamente ajuda o meio ambiente. E quanto ao problema citado, sobre conteúdo, já está sendo abordado.

 

 

 

Uma inovação – e agora de fato! – é o projeto de um “livro vivo“, ou seja, de conteúdo rotativo. Ele é escrito em QR codes, códigos que vem sendo bastante usados em ações de realidade aumentada (olha a linguagem se reinventando novamente), e a interação desse código com câmeras (leitores ópticos) e programas especiais (processadores de dados) faz surgir o conteúdo, puxado de frases obtidas no Twitter – ou seja hiperlinks, ligando o mundo real com o virtual.

Para finalizar (eu sei, também tenho mais o que fazer), gostaria de falar sobre o que a Hanna já falou. Schwarzenegger, ex-alterofilista e atual governador da Califórnia, decretou o fim do livro de papel. Como isso? Todo o conteúdo dos livros das escolas do estado da Califórnia serão digitalizados e disponibilizados gratuitamente para os estudantes. Essa mudança não irá repecutir apenas no sistema de educação  desses jovens, mas também em todo o ciclo produtivo de um livro, obrigando muitas pessoas, sejam físicas ou jurídicas, a se adaptarem da melhor forma possível. O conteúdo terá a chance de estar sempre atualizado (e sem fazer o meio ambiente sofrer as consequências disso), ser mais interativo e apresentado sob outros formatos, como vídeos, jogos, etc. As possibilidades, como sempre, são cada vez maiores.

Twitter @phbalboni @newronioespm