Xavier Dolan é um cineasta canadense nascido em 20 de Março de 1989 em Montreal.

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Dolan começou sua carreira como ator-mirim em filmes como J’en Suis! (1997) e Acampamento de Guerra (2001), mas foi em 2009, com apenas 20 anos de idade, que ele atraiu atenção internacional, estrelando e dirigindo seu primeiro filme: Eu Matei Minha Mãe.

O filme mostra Hubert Minel (interpretado por Dolan) um garoto de 17 anos que despreza sua mãe. Seus traços, trejeitos e praticamente tudo que lhe diz respeito causam ojeriza no garoto, a relação dos dois é marcada pela manipulação e culpa. Essa relação de amor e ódio o deixa à margem da adolescência ao mesmo tempo que define um menino dessa idade. Assim, Hubert segue tendo as experiências típicas dessa fase da vida. As amizades, o sexo e o abandono começam a fazer parte do cotidiano do rapaz.

Abaixo, uma das cenas do filme em que Hubert e seu namorado (vivido por François Arnaud da série Os Bórgias) se refugiam em um galpão para pintar (e outras coisas). Logo em seu primeiro filme já vemos algumas marcas incríveis da direção de Dolan. (Para ver o trailer, clique aqui)

Xavier Dolan é assumidamente gay e a homossexualidade é um tema recorrente em praticamente todos os seus filmes, além disso ele afirma que “Eu matei minha mãe” é um filme “meio autobiográfico”.

Quando estreou em Cannes no Director’s Fortnight, o filme foi ovacionado, aplaudido de pé durante 8 minutos além de ganhar o Art Cinema Award, o Prix Regards Jeunes e o SACD Prize.

No ano seguinte, Dolan dirigiu e estrelou o filme Amores Imaginários. O filme acompanha a história de Francis (Xavier Dolan) e Marie (Monia Chokri), dois amigos inseparáveis que tem seu relacionamento abalado quando Nicolas (Niels Schneider), um rapaz do interior, se muda para Montreal. Os dois se apaixonam por Nicolas e passam a criar fantasias em torno dele. Em busca da atenção do rapaz, Francis e Marie acabam comprometendo sua amizade.

A seguir, o trailer do filme.

O filme estreou na categoria Un Certain Regard no 63º Festival de Cannes e Dolan foi novamente ovacionado. Amores Imaginários também ganhou o maior prêmio do Sidney Film Festival.

Seu terceiro longa-metragem, Laurence Para Sempre, acompanha a história de um homem e uma mulher que vivem um amor impossível, uma vez que ele deseja se tornar uma mulher (clique aqui para ver o trailer).

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Cena do filme “Laurence para Sempre”

Em Maio de 2012, Dolan anunciou que seu próximo filme seria uma adaptação da peça Tom na Fazenda de Michel Marc Bouchard. O filme estreou no 70º Festival de Veneza em Setembro do mesmo ano.

Tom na Fazenda é um suspense psicológico que conta a história de Tom (Xavier Dolan), um jovem que está de luto pela morte do seu parceiro. Ao conhecer a família do falecido, Tom descobre que a mãe do rapaz não sabia de seu relacionamento e começa a ser chantageado pelo irmão de seu companheiro.

Abaixo o trailer do filme.

Seu mais recente filme, Mommy, estreou nos cinemas brasileiros nessa quinta-feira, 11/12 e eu corri vê-lo na primeira sessão possível, afinal, estamos falando de um rapaz de apenas 25 anos que nesse ano DIVIDIU o Prêmio do Júri em Cannes com NINGUÉM MENOS que Jean-Luc Godard com seu mais recente filme, Adieu au Langage (“Adeus à linguagem”).

Mommy acompanha uma viúva com a custódia integral de seu filho adolescente que sofre de déficit de atenção e apresenta um comportamento explosivo. Enquanto os dois tentam conviver, uma vizinha do outro lado da rua oferece apoio aos dois, fazendo com que seu relacionamento se equilibre.

Abaixo, o trailer do filme.

A presidente do júri desse ano em Cannes era a cineasta Jane Campion, quando Dolan recebeu o prêmio ele afirmou: “O Piano (filme da cineasta) foi o primeiro filme que vi que realmente definiu quem eu sou. Ele me fez querer escrever  filmes para belas mulheres com alma, vontade e força. Simplesmente estar no mesmo palco que você, Campion, é extraordinário.”

Dolan é um menino-prodígio no cinema, por assim dizer. Com apenas 25 anos (5 de carreira como diretor) já fez filmes extraordinários que alcançaram projeção internacional. A direção precisa e tramas que abordam as relações humanas com um quê de obscuridade mostram a grande influência da nouvelle vague em seu trabalho, mas com uma roupagem de século XXI e todos os efeitos drásticos da sociedade contemporânea sobre os indivíduos.

Como já foi dito, Mommy estreou hoje nos cinemas brasileiros e, além dele, recomendo fortemente toda a filmografia desse incrível artista canadense. Corre assistir!

Sai sempre de casa com uma palheta, uma câmera e um livro.