O mundo do entretenimento deveria ser um daqueles com mais coragem. Ou seja, ter a capacidade de bancar uma ideia que fosse diferente, sem deixar aquela sensação de “deja vu” na boca da audiência já cansada de ideias pausterizadas. Afinal, o que chamamos de “licença poética” deveria se aplicar perfeitamente à sétima arte.

Mas no universo do politicamente correto, o que acontece é justamente o contrário. Muitas vezes os grandes estúdios fazem pesquisas incansáveis antes de lançar um filme, sempre recorrendo a segurança como um elemento que vai garantir que tudo foi meticulosamente pensado, analisado e estudado antes de um grande lançamento.

Já a publicidade recorre também as essas mesmas pesquisas em 1 formato diferente garantindo muitas vezes os milhares de sorrisos fake e famílias perfeitas que testemunhamos em muitos comerciais de TV, que passam credibilidade zero por estarem totalmente descolados da realidade.

Existem, porém, empresas e profissionais nessas duas áreas que pensam muito diferente: vamos começar com o canal Netflix que está literalmente se lixando para pesquisas e está mais preocupado em ir atrás do que realmente importa para a audiência.

O icônico discurso de Kevin Spacey sobre o estrondoso sucesso de House of Cards, explica de forma brilhante que aliar coragem com saber escutar o público pode gerar resultados surpreendentes:

E o Netflix vem colecionando outros golaços de crítica e público que vem sendo comentados, tuitados, re-tuitados e adorados como Stranger Things e Black Mirror sem gastar os 300 ou 400 milhões de dólares por ano nos malfadados pilotos que foram comentados por Spacey no vídeo acima. Ou você pode imaginar um piloto sobre Black Mirror funcionando e garantindo aos produtores que a série seria um sucesso?

Já na área da publicidade, o grande empresário e publicitário Nizan Guanaes também resumiu de forma magistral a sua “crença” nas pesquisas publicitárias. Convidado a falar sobre o assunto para profissionais do segmento, Nizan subiu ao palco dizendo o seguinte (essa não é a reprodução literal em termos de forma, mas sim o conteúdo dito por ele): “Me convidaram aqui para falar sobre pesquisa em publicidade. Mas antes de começarmos o assunto, queria perguntar a vocês: quem aqui é homossexual?”

Como ninguém ou quase ninguém levantou a mão naquela seleta audiência, Nizan não titubeou: “É por isso que não acredito em pesquisa!”

Sem mais e boa semana a vocês!

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Darlan Moraes Jr

Formado em Comunicação Social pela ESPM e Administração de Empresas pela PUC de São Paulo.
Foi Diretor de Criação em agências como JWT na República Tcheca, D´Arcy na Romênia, BBDO na Letônia e Rússia dentre outras. No Brasil trabalhou em agências como a McCann. Depois de 15 anos fora da pátria mãe, retornou em 2012 e hoje trabalha – através da sua empresa Nova Opção - com aproximação do Brasil, Rússia & Leste Europeu em diversos segmentos de business.
www.darlanmoraesjr.com
www.novaopcao.biz

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