Setenta milhões de dólares. Essa é a marca alcançada, nos Estados Unidos, pela nova versão de “Cinderela.” O longa filmado pela empresa popularizada por construir sonhos, a Disney, preencheu os sites de notícias e já se firma como mais uma produção que remontou, de maneira feliz, uma história clássica.

Uma madrasta, duas irmãs invejosas e um sapatinho esquecido no degrau da escada de um castelo. Esses elementos fizeram total diferença na vida (pacata) de uma simples jovem e certamente pautarão reflexões no cenário Disney e da indústria cinematográfica como um todo.

Cinderella_2015

O belo desempenho de “Malévola”, protagonizado por Angelina Jolie, incentivou famosos produtores da equipe Disney a colocarem novas recriações em prática e repensarem em formas de apresentar contos que permeiam o universo imaginário. E não deu outra: o ano de dois mil e quinze será marcado por gravações de diversos longas metragens que recontarão, por exemplo, “A Bela e a Fera” e “Mogli.”

Todavia, o que significam os lançamentos dessa série de filmes? Seriam os chamados live-actions uma nova forma de rechear a conta bancária de diretores ou esses se tratam, apenas, de uma expressão artística relevante?

A pergunta em si é mais importante que a resposta. O desespero por destaque e os acordos com inúmeras produtoras se mostram, frequentemente, em lançamentos e fazem com que termos como “decadência”, “vendido” ou “sem conteúdo” se tornem cada vez mais constantes nas críticas.

O mundo é outro: antes o cinema era o maior atrativo das artes visuais e não precisava competir com um mundo saturado por telas. Nessa perda de atenção, diversos fatores são importantes, mas a quantidade de verba investida nas produções e o medo de arriscar instalado se destacam como agravantes da situação.

Aliás, quem prefere se jogar em um roteiro alternativo se é muito mais rentável se doar para robôs que explodem em um típico cenário hollywoodiano?

“Cinderela” chega ao Brasil no final do mês, no dia 26 de março. E com certeza dividirá o público com o seu movimento contrário: levar o encantamento da animação para o estilo de filmagem comum com atores, sejam eles gatas borralheiras ou não. E assim, darão continuidade ao desafio de fazer cinema.

Nome de rei, força de vontade de plebeu.