Todo ano, são lançados diversos filmes e séries com super-heróis na linha de frente. Filas e mais filas se formam para assistir homens com fantasias icônicas lutando pelo que acreditam. Mulheres foram sistemicamente deixadas de lado dos maiores blockbusters de super-heróis, sendo retratadas somente como donzelas indefesas ou interesses românticos dos protagonistas.

Esse ano, finalmente temos uma mulher no centro de um filme do gênero. Mulher-Maravilha chega aos cinemas no dia 2 de junho.

Até esse ano, o foco nas heroínas não saiu da televisão, com séries como Supergirl (Warner) e Jessica Jones (Netflix).

Em um momento que clama pela luta por igualdade de gênero, raça, classe social, entre outros, símbolos tomam importância vital, entre eles, o da Mulher Maravilha, que frequentemente aparece em movimentos feministas, como símbolo de empoderamento feminino.

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No entanto, é necessário entendermos o personagem que originou o símbolo.

A primeira vez que Diana Prince, Mulher Maravilha, foi citada em um quadrinho, foi em 1941, dois anos depois da primeira aparição de Batman, e três depois da do Super-Homem. Seus contemporâneos foram foco das capas de suas primeiras edições, enquanto Mulher Maravilha nem aparece na capa da edição 8 de All Star Comics, em que atuou pela primeira vez.

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Em 1940, quando H. G. Peter e W. M. Marston se uniram, foi lançado o primeiro quadrinho focado na Mulher Maravilha. Isso depois de M. C. Gaines, que publicou Super-Homem, ler um artigo escrito por Marston para o Family Circle, no qual explorava o poder educativo dos quadrinhos e o mercado que poderia ser atingido com o foco feminino, e então contratá-lo como consultor educativo da DC Comics.

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Marston se baseou em sua mulher e na amante do casal na elaboração da personagem, além de seu interesse em práticas sexuais ligadas ao sadomasoquismo e no movimento sufragista nos Estados Unidos, claramente colocados nas diversas situações nas quais Mulher Maravilha deve se libertar de amarras.

Mesmo com o claro poder de ter mulheres no foco de quadrinhos, bem como em quaisquer formas de entretenimento, existe ainda uma disparidade muito grande quanto a representatividade feminina no mundo dos heróis. Enquanto Batman e Super-Homem têm dezenas de filmes, séries e games baseados neles, a Mulher Maravilha possui apenas um filme com seu nome, lançado diretamente para a televisão, uma animação, e uma série dos anos 70.

Hoje vemos espaço para a personagem na cultura pop. A conversa sobre feminismo e representatividade é felizmente constante e valida o protagonismo feminino em um gênero normalmente cheio de testosterona. Os diversos movimentos ao redor do mundo visando a equidade dos sexos, possibilitam que uma geração que cresça com mulheres salvando o mundo não só na vida real, mas também na tela do cinema.

De grão em grão, tanto bate até que fura.