Você provavelmente já ouviu falar (ou até mesmo disse) que as irmãs Kardashian-Jenner não têm talento algum. Elas podem não ser grandes cantoras, atrizes, dançarinas ou qualquer coisa do tipo, mas dizer que uma família que tem uma receita milionária com moda, maquiagens, aplicativos de smartphone, games, um reality show (que já recebeu vários spin-offs e está na sua 12ª temporada) entre outros é no mínimo negligente. Mas o que torna essas garotas tão especiais?
Nos anos 1950, surgiu o conceito de “interação para-social”, que diz respeito ao sentimento de amizade e proximidade que as pessoas têm com personalidades televisivas que elas nem ao menos conhecem. E é aqui que as Kardashian-Jenner se tornam insubstituíveis. Com o reality, Keeping Up With The Kardashians, o espectador acompanha detalhadamente a vida da família, o que por si só já cria um sentimento de pertencimento. Mas não para por aí. Elas sabem muito bem como expandir esse sentimento para além das telas de televisão.
As meninas usam as redes sociais diariamente, interagindo com os fãs e tratando-os como amigos. Ao contrário da maioria dos famosos, seus perfis tem um toque de pessoalidade, não algo que é usado por assessores de imprensa e pessoal de relações públicas.
Dessa forma, quando elas anunciam algo em suas mídias não parece um anúncio, algo pago, mas uma recomendação de amiga.
Esse tipo de relacionamento não é nada incomum hoje em dia, se pensarmos como influenciadores digitais se relacionam com seu público. Mas mais especificamente na moda, esse movimento foi muito intenso e já tem um certo grau de maturidade. As Kardashian-Jenners fazem o que têm feito as blogueiras de moda, pelo menos, na última década. Hoje, essas são queridinhas das marcas e configuram as primeiras fileiras de qualquer desfile.
Estudos recentes mostraram que blogueiras de moda já têm mais influência nas consumidoras de moda do que celebridades. Isso quer dizer, basicamente, que as pessoas têm mais confiança em desconhecidas que estão na internet do que pessoas que ela vê na mídia há anos e tudo isso só acontece porque uma blogueira consegue gerar uma identificação e proximidade com esse público praticamente inacessível às estrelas.
Isso está reconfigurando a indústria, criando um novo padrão de beleza (não são mais só garotas altas e magrelas que são almejadas pelos estilistas. Agora também são feitas roupas de alta costura pensadas em mulheres sensuais, que querem mostrar seus corpos), como podemos ver com o caso da Balmain, que lançou sua coleção num clipe de Kanye West, marido de Kim Kardashian West, usando as irmãs como modelos.
Essa ideia de talento e fama estarem ligadas ao sucesso no cinema, mensurada com Grammys é ultrapassada. Vivemos novos tempos, de novos ídolos e com novos negócios, ainda bem.
