Já estamos acostumados com a falta de criatividade nas campanhas brasileiras de cerveja. O forte apelo sexual e o constante uso do estereótipo de “mulher gostosa” não surpreendem, mas ainda – infelizmente – convencem. O que parece é que existe uma fórmula para se fazer campanha de cerveja: o bebedor sempre aparece rodeado de mulheres lindas. No entanto, campanhas que seguem o lado oposto têm ganhado destaque, sem precisar envolver uma polêmica com o Conar.

Duas propagandas atuais apostaram na contramão e, de certa forma, acertaram. A primeira, foi a da Bohemia, cutucando a concorrência: “Quem gosta de propaganda, assiste a deles, quem gosta de cerveja, bebe a nossa”. Valorizando e destacando a cerveja em si, e não apelando para a imagem associada a ela, a propaganda traduz, com eficiência, a qualidade do produto.

A nova campanha da Skol também optou por se diferenciar da linguagem habitual que vende cerveja. Alterando, inclusive, sua assinatura (“A vida manda quadrado, você devolve redondo”), o humor é tratado de forma inteligente e, mais uma vez, não se faz necessário recorrer a “mulher gostosa”.

O que as marcas continuam esquecendo, talvez por acreditarem na fórmula de campanha de cerveja, é que as mulheres também são o público que consome esse produto. Não representadas e não reconhecidas como tal, dificilmente se identificam com as propagandas do produto.

Estudante da ESPM e aspirante a publicitária e comunicóloga. Adora escrever qualquer coisa que não seja sobre ela mesma.