Nesta semana, começou oficialmente a campanha eleitoral de 2016. Ela é aquela mais próxima de nossa realidade imediata, por ser para a escolha de prefeitos e vereadores.

Os enormes escândalos de corrupção que tem vindo à público produziram uma mudança na lei, de modo que os recursos serão bem menores do que tem sido.

O Marketing político tem sido tomado como um dos vilões da corrupção generalizada. Seus altos custos (para campanhas ou assessoria de imprensa) teriam justificado estratégias irregulares de arrecadação.

Lembrei-me, então, de que organizei há alguns anos, na ESPM um debate com o nome deste post. Para muitas pessoas, mesmo dentre de uma faculdade como esta, haveria aquela equivalência. Como assim? Se dizemos que algo é feito “por marketing”, isto tem a conotação de que seja algo falso, enganador, irreal; e se dizemos que alguém agiu por uma “motivação política”, isto conota um interesse ilegítimo, que desqualifica a ação de que se trate.

Mas a equivalência “Marketing politico=sujeira suja” nos leva a impasses graves.

De uma forma geral, podemos compreender que ‘marketing’ signifique práticas de mercado, e por mercado podemos compreender nossas práticas de troca. E podemos lembrar que o termo ‘política’ diz respeito ao nosso convívio social na pólis, a cidade.

De alguma forma, se aprendemos que o marketing e a política são campos de corrupção e desconfiança irremediáveis, o que nos restaria para fora do campo das trocas e da pólis? Um extremo individualismo, cínico ou paranoico. Entramos numa lógica de sobrevivência, sem perspectiva de convívio ou projeto em comum.

Não é preciso muito para percebermos que já habitamos estas crenças. Talvez seja o caso, muito especificamente nesta faculdade, de retomarmos significações mais completas e complexas do que pode ser o Marketing político.

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Pedro de Santi

Psicanalista, doutor em psicologia clínica e mestre em filosofia. Professor e Líder da área de Comunicação e Artes da ESPM.

   

 

 

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