Qual é a definição da palavra “perturbação”? Algo que nos provoca desconforto, certo? Pois bem, não é uma palavra difícil de entender, nem de explicar, até porque, os dicionários nos poupam dessa tarefa. Mas, quão difícil seria causar este desconforto, transtorno ou alteração por meio de um jogo eletrônico sem usufruir dos clichês (suspenses e terrores que envolvam serial killers, zumbis, monstros, vampiros e etc.)? Com certeza, fácil não é.

Limbo é mais um que se posiciona dentre os jogos mais nonsense criados no mundo dos games. Com uma arte monocromática sofisticada, o jogo, lançado em 2010 pela Playdead, se atreve em causar este desconforto com um tema bastante simples, mas incomum, que para muitos pode até ser novidade.

A palavra ‘limbo’ é um conceito religioso de caráter escatológico (parte da teologia e filosofia que trata do “apocalipse”), a qual está presente na Igreja Católica, por exemplo.

De maneira resumida, limbo seria um lugar no qual se encontra tudo aquilo que foi esquecido, que é inútil, desde objetos até almas. E este tema não se restringe apenas ao catolicismo. No filme “A Origem”, por exemplo, de Christopher Nolan, estrelado por Leonardo DiCaprio, há uma abordagem diferente, que retrata um limbo que enfoca o vazio esquecido da mente.

O game que teve baixíssimo orçamento, comparado aos outros do gênero suspense, segue o estilo puzzle, buscando no jogador um raciocínio lógico aguçado o suficiente para desvendar os mistérios deste ambiente obscuro.

O personagem (garotinho), em meio de uma trilha sonora macabra que explora o silêncio, deve procurar pela sua irmã que está perdida nesse limbo dotado de criaturas bizarras e ilusões, onde o jogador não terá nenhuma ideia do que se passa ali.

Ultrapassando as concepções de game, Limbo é mais que um jogo. Uma obra de arte! Que por se assemelhar à Tim Burton e Edward Gorey, o jogo faturou no Game Developers Choice Awards de 2011 o premio de “Melhor Arte”.

No mês passado (julho), a Playdead anunciou que o macabro game estaria à venda na App Store, por US$ 4,99, para invadir os dispositivos com iOS (Ipad 2 e versões superiores, Iphone 4S e versões superiores, Ipad mini e o último Ipod Touch).

Portanto, para quem se interessar por Limbo, prepare não só o raciocínio lógico para realizar os quebra-cabeças, mas também o psicológico que, provavelmente, será testado em diversos momentos do jogo.

Antes, era apenas mais um garotinho, do interior de SP, com uma cabeça desproporcional ao corpo. Agora, um estudante de Publicidade e Propaganda da ESPM.