Em uma cultura essencialmente visual como a nossa, a quase totalidade da comunicação é pensada dessa maneira, acarretando a tão comentada e criticada saturação de informação, que ninguém do meio tenta, realmente, combater. Todos os dias lemos rótulos, olhamos para os dois lados antes de atravessar, não cruzamos a faixa amarela, procuramos o número da casa, recebemos e enviamos e-mails, a lista é quase infinita.

Pensar que alguém vive sem essas atividades parece um tremendo esforço, um exercício de alteridade que extrapola nossa capacidade imaginativa. Mas é interessante que o número de pessoas que efetivamente vive sem elas (ou as formas dessas atividades tal qual as conhecemos) não é pequeno. São os deficientes visuais, cuja experiência acaba por ser infinitamente diferente da nossa, com o real aproveitamento de toda a riqueza possível de nossos outros 4 sentidos.

Estudos acerca das diferenças de pensar e entender o mundo não faltam. Um ponto um tanto crítico diz respeito à capacidade de abstração, complexa em si mesma e dependente de diversas capacidades. É através da abstração, por exemplo, que somos capazes de ir além da simples sensação/percepção na arte e efetivamente “pensarmos” a informação.

É com o intuito de compreender e também tornar acessível a todos esse processo tão complexo e único, mediante as características únicas da deficiência visual, que a Lego criou o Blind Art.

Através da principal função do Lego, construir o que quer que tenhamos em nossa cabeça, a marca dá um passo em um território ainda inédito em sua história ao se tornar uma ponte para que pessoas cujas cabeças são diferentes possam entender umas às outras.

Com relação à arte e deficiência visual, o Centro Cultural Banco do Brasil Educativo mantém o projeto Estação Sensorial, cuja proposta é tornar a arte acessível a quem precisa e tem interesse. Uma de suas ações recentes que teve repercussão muito positiva foi seu desenvolvimento para a apreciação das obras da japonesa Yayoi Kusama.

KusamaAcessibilidade

Esperamos que, com a compreensão e assimilação dos processos únicos da apreciação de arte por parte desse público, novos horizontes tanto para a psicologia quanto para a própria arte sejam traçados.

Minha barba. Minha vida.