15 de julho de 1974. Mais um dia normal. A jornalista Christine Chubbuck de Sarasota, na Flórida começa seu programa de assuntos da comunidade. Nos primeiros 8 minutos, cobre três notícias nacionais, depois comenta um tiroteio que acontecera no dia anterior em um restaurante local. Então ela encolhe os ombros e diz “De acordo com a política do Channel 40 de trazer-lhes as últimas novidades sobre ‘carnificina’, ao vivo, você está prestes a ver mais uma primeira tentativa de suicídio”, coloca uma arma atrás de sua orelha direita e puxa o gatilho. Christine cai violentamente para frente e o diretor corta a transmissão para uma tela preta.

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Ao saber dessa chocante história, há 10 anos, o diretor Robert Greene ficou mesmerizado. Imediatamente pensou em duas coisas “Como fazer um filme sobre alguém que se matou?” e “Eu preciso ver essas imagens”. Talvez por estarmos acostumados demais com a nossa cômoda realidade de qualquer informação estar a um clique de distância, Greene ficou inconformado ao se deparar com uma triste verdade: além de não encontrar nenhuma gravação desse suicídio, o diretor também não achou nenhum video do período de Christine Chubbuck na televisão.

Inquieto com a situação, Robert Greene chamou sua amiga Kate Lyn Sheil (de House of Cards) para interpretar a jornalista em um documentário meio real, meio fictício. E foi daí mesmo que surgiu o nome, “Kate Plays Christine”. A atriz, ao mesmo tempo que representa Chubbuck, representa a si mesma, em busca de informações sobre essa mulher misteriosa, que marcou o primeiro suicídio transmitido ao vivo na televisão.

Ao mesmo tempo em que o documentário retrata as aflições de Christine Chubbuck por não ser levada a sério em um mundo jornalístico dominado por homens, ele também mostra a preocupação de Kate sobre ser aprisionada a um único tipo de personagem e seus esforços para interpretar com tanta verossimilhança as cenas de Chubbuck com muito pouco ou quase nenhum material de referência. O filme aborda assuntos como depressão, estereótipos femininos e privacidade na nossa realidade de extremo acesso a qualquer informação.

O final do filme foi decidido na noite anterior à qual a filmaram. Greene, Sheil e o cineasta Sean Prince Williams conseguiram achar uma conclusão com a qual todos concordaram e filmaram-na no 41º aniversário da morte de Chubbuck.

A história de Chubbuck também serviu de inspiração para o filme “Network”, de 1976, que é uma sátira em forma de comédia dramática de humor negro sobre uma rede televisiva fictícia sofrendo com suas baixas avaliações. “Christine” também é mais um filme que abordará a história e tem estréia prevista para 14 de outubro de 2016 nos Estados Unidos.

“Kate Plays Christine” estreou em 24 de Agosto de 2016 nos Estados Unidos e é classificado no IMDb como um “terror psicológico não-fictício”.

Não conseguiu ser VJ da MTV.