Se tem um tópico sobre o qual grandes discussões emergem, ele é “qual é o limite do humor?”. Há quem diga que uma piada é só uma piada, porém, do outro lado, há quem ache que uma piada ofensiva é um problema cuja raíz é profunda: uma sociedade preconceituosa que esse tipo de humor ajuda a sustentar. E como essa é uma pauta que abre um leque de extensos debates, a cantora, compositora, produtora e, recentemente, atriz, diretora e roteirista Rory Uphold quis retratar em seu curta “Traction”, parte II de uma série baseada em “Sh*t love life”, de Andy Singer.

Por mais que a mensagem que o vídeo quisesse passar pudesse ser positiva, a obra ainda é passível de críticas. Além da óbvia intenção de dizer “não adianta ter um discurso bonito e uma atitude inadequada”, o problema é como o final é conduzido. O rapaz que faz piadas racistas parece ser o mais “correto” na situação, mas isso não diminui a gravidade das piadas que ele fez. Mesmo que ele acredite que “uma piada é só uma piada”, esse tipo de discurso é extremamente antiquado e infeliz nos dias de hoje, onde sabemos que há pessoas que se sentem realmente ofendidas com esse comportamento e ele é totalmente evitável.

Há milhões de formas de ser engraçado, até mesmo de uma forma “politicamente incorreta”, termo que é tão aclamado nesses tempos. A chave do “politicamente incorreto” que funciona e dá certo é incomodar quem oprime, não quem é oprimido. É uma forma leve, inteligente e criativa de fazer críticas incisivas à sociedade, ao invés de excluir e menosprezar mais e mais grupos que já são historicamente oprimidos

Não conseguiu ser VJ da MTV.