O mundo está mudando e todo mundo sabe. Há poucos anos não havia uma tela portátil capaz de reproduzir filmes e livros com uma qualidade interessante. Voltando um pouco mais no tempo, a tecnologia touchscreen nem era acessível ao público em geral. Mais alguns poucos anos, nem mesmo tínhamos aparelhos portáteis capazes de fazer mais do que ligações ou enviar mensagens de texto.

As Histórias em Quadrinhos sempre foram notoriamente um item de banca de jornal (ou mais recentemente de livrarias, com a onda das graphic novels de luxo e HQs adultas), fiel e regularmente consumidas por seus fãs. A mídia impressa é o melhor item para se colecionar, tem-se não somente o produto em si mas, quando em volume, torna-se praticamente objeto de decoração.

Mas, frente a todas as inovações recentes, será que não há ferramentas que possam otimizar, diferenciar e enriquecer a experiência de se ler quadrinhos? Foi essa questão que levou o veterano e ganhador do Eisner (o Oscar dos quadrinhos) Marc Waid a abandonar sua vida como executivo de criação de uma grande editora (a Boom! Studios) e seguir em um inovador projeto pessoal.

Assim nasceu Thrillbent, inicialmente um site com alguns trabalhos de Waid pensados para o meio digital, cuja leitura se apoia em movimentos do mouse e rápidas animações. A ideia não é criar uma experiência interativa, mas uma HQ digital, que conta uma história com quadros e textos em sequência com semântica própria mas cujo desencadeamento utilize da interatividade e da animação.

Hoje o site conta com mais de 50 artistas e disponibiliza para seus membros, mediante assinatura mensal, 11 séries e 7 histórias fechadas.

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Alguns autores procuram usar a tecnologia disponível para criar híbridos entre diferentes mídias, uma espécie de HQ multimídia. É o caso de SXPD, de David Perry, um dos criadores do clássico Earthworm Jim. Sua ideia foi intercalar momentos de leitura com um game seguindo a narrativa, em que o leitor se torna player.

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É um movimento interessante, visto que a relação de jogar/assistir já é explorada há anos pela indústria dos games (a série Final Fantasy com seus memoráveis CGIs é um bom exemplo), mas esse paralelo entre ler/jogar não havia sido explorado antes a não ser, talvez, por jogos lúdicos direcionados ao público infantil cujo objetivo principal é, justamente, estimular a leitura.

A história de SXPD segue a linha das HQs underground dos anos 80 (alguém pensou em Tartarugas Ninja?), com um distrito quase sem lei cuja única força policial é um esquadrão de mulheres motociclistas bad ass. A estética em branco e preto de alto contraste é bastante comum em HQs e, apesar de não tão comum nos videogames, há alguns exemplos interessantes como Madworld para Wii (que, curiosamente, é tido como o game mais violento lançado para o console).

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O mercado de HQs Digitais tem crescido exponencialmente, a facilidade e mobilidade de tablets permitiu-se ter uma quantidade inimaginável de títulos ao alcance dos dedos em qualquer lugar. O app Comixology, por exemplo, reúne mais de 5000 títulos de diversas editoras e está disponível para iOs, Android, Kindle e Windows 8. Nunca foi tão fácil ser fã de Histórias em Quadrinhos e nunca se teve tanto acesso à essa enorme variedade de títulos que o meio abrange.

 

Minha barba. Minha vida.