Todo mundo que curte games já se imaginou participando de alguma mega produção lúdica. Porém, aqui em terras tupiniquins, sabemos o quanto isso é difícil. Vivemos um momento de mercado no qual há uma promessa de indústria criativa para jogos de console no Brasil, mas – por outro lado – fervilham as oportunidades para criação de games para plataformas mobile e PC.

O número de indie games publicados, principalmente para smartphones e tablets, veio aumentando consideravelmente nos últimos anos e não faltam sites como, por exemplo, o http://indiegames.com/ para falar com bastante propriedade sobre o assunto.

Nos últimos dois anos, junto com alguns amigos, tenho produzido alguns games para iPhone e iPad e aproveito este espaço para dividir algumas que aprendi nesses processos. Seguem algumas dicas e percepções sobre criação de jogos independentes:

1. Jogue muitos jogos casuais: Destiny, Last of Us e Batman são inspirações excelentes para o trabalho de game design, mas nem só de super produções vive este mercado. Jogue muitos casual games pois eles são uma fonte de referências basilar para este trabalho. Estude a simplicidade de mecânica destes games e como eles conseguem captar a atenção do player em momentos pontuais.

2. Habitue-se a rabiscar suas ideias e criar pré-protótipos analógicos: eu conheci um sujeito em São Carlos que programava um jogo para computador; ele estava há uns 3 anos criando o jogo e nunca acertava detalhes de mecânicas. O fato dele produzir de maneira semi-final sem testar num protótipo atrasava a vida dele imensamente. Faça testes no papel, trabalhe com rascunhos e ganhe tempo, chame beta-testers e localize erros antes de começar a produzir.

3. Utilize uma metodologia iterativa: O design iterativo (sim, você leu certo, não é iNterativo) é uma metodologia baseada em testes constantes de um determinado produto, game, interface etc. O processo de iteração consiste de prototipar, testar, analisar e refinar o objeto a ser criado.

4. Teste do começo ao fim: costumo dizer que beta test não é você testar 100 vezes o seu game, mas chamar 100 pessoas diferentes para testar uma vez. Isso garante uma melhora de qualidade no game que faz toda a diferença.

5. Junte talentos para o seu projeto: há alguns casos emblemáticos de games (principalmente para PC e mobile) que foram produzidos por uma única pessoa. É difícil, mas tem gente abençoada com múltiplos talentos. Se não é seu caso, você terá que minimamente chamar alguém que domine produção, alguém que entenda de arte/interface e uma última pessoa para ajustar mecânica. Se você pretende fazer algum dinheiro com seu game, também pense em alguém que manje de modelos de negócio para dar uma força.

Já participei da criação de um mobile game junto com a Pontomobi que tinha uma equipe inteira de produção e eu só trabalhei no roteiro e mecânica. Por outro lado, já fiz um game para iPhone que tive que fazer tudo, menos a programação. Cada projeto pede uma equipe diferente, crie dentro das suas possibilidades.

6. Defina um foco: você pretende ganhar dinheiro com seu nome? É só hobby? É um teste para algo maior? Você quer começar a construir um nome em um segmento de game? O seu foco determina sua realidade nessa indústria. Se há uma equipe envolvida todo mundo tem que jogar junto.

7.Mão na massa é fundamental: por último, tenha ideias plausíveis e materialize-as o quanto antes. De verdade, fazer acontecer é fundamental. Ideias no papel não poderão ser jogadas. Comece do mais simples e vá aprendendo. Literatura especializa e bons tutoriais não faltam.

E por hoje é só. De certa forma é uma visão bastante resumida, vou ampliar a discussão desse post em mais conteúdo futuramente.

Para os usuários Apple, baixem free meu último game, o DOMINAEDRO.

Go gamers!

 

foto_vinceVince Vader
Vicente Martin (@vincevader) é professor de criação digital e supervisor do departamento de criação da ESPM. Estuda, desenvolve e é apaixonado por games.

Os colunistas do Newronio são professores, alunos, profissionais do mercado ou qualquer um que tenha algo interessante para contar.