Quem estuda publicidade tem geralmente o sonho de fazer comunicação para grandes empresas. Afinal as Coca Colas, Volkswagens e Intels da vida são internacionais, têm orçamentos polpudos e assim podem levar suas ideias mais longe. Nada errado com isso.

Existe, porém, um segmento que representa 27% do PIB nacional e que – mesmo assim – pouca gente está olhando com a merecida atenção quando falamos de comunicação: os pequenos negócios.

A entrevistada de hoje é Camila Colnago que se debruçou sobre o assunto e hoje é uma das maiores experts nesse segmento no Brasil.

1. Conte-nos um pouco sobre a sua experiência profissional e acadêmica.
Atualmente executiva à frente da empresa COMUNICAÇÃO 027, sou profissional de Comunicação Institucional com longa experiência como gestora de Comunicação Organizacional e Eventos em grandes empresas e instituições de renome, onde conduzi projetos de posicionamento de marcas, assessoria de imprensa e relações públicas, assim como coordenei grandes eventos internacionais e geri ações e investimentos de Responsabilidade Social Empresarial. Como consultora de comunicação estratégica para pequenos negócios, trabalho provendo assessoramento e mentoria para empreendedores e instituições do terceiro setor. Sou publicitária, pós-graduada em Marketing, mestre em Administração e Planejamento Estratégico e doutora em Comunicação, além de professora do curso de pós-graduação em Comunicação Empresarial da Universidade Metodista de São Paulo e do Curso de Empreendedorismo do Insper. Sou também voluntária como palestrante e mentora na Rede Mulher Empreendedora, curadora da Virada Empreendedora e empreendedora criativa da Maria Lembrancinha, estúdio de criação de produtos lúdicos que colabora para o protagonismo e o empoderamento feminino destinando a produção a mulheres em situação de vulnerabilidade.

2. Qual foi sua maior motivação para pesquisar e escrever sobre comunicação para PME´s?
Já tinha criado a Maria Lembrancinha, meu primeiro negócio, e desenvolvido, a partir do meu conhecimento e experiência, uma estratégia de comunicação para divulgação da marca e dos produtos quando me dei conta de que eu só era capaz de fazer isso porque sou uma profissional de comunicação, assunto para o qual, em geral, os pequenos empreendedores não têm habilidades. Então, fazendo uma retrospectiva da minha jornada acadêmica, notei que ao longo de toda a faculdade, da pós, do mestrado e do doutorado, eu não tinha lido nenhuma linha sobre comunicação para pequenos negócios, e que tudo o que se estudava tinha como base casos e estratégias voltados para as grandes empresas.

3. Você sentiu falta de material para a pesquisa?
Claro! Não existe bibliografia no Brasil (e existe muito pouca no mundo) sobre o tema Comunicação para pequenos negócios. A não ser um ou outro livro com conteúdo bem simples, no estilo cartilha, atualmente a minha tese de doutorado é a referência no assunto para estudos mais aprofundados.

4. O que você teria a dizer para os micro e pequenos empresários que querem ter uma comunicação efetiva em seus negócios?
Antes de mais nada, é preciso conhecer bem os objetivos da empresa, seu produto/serviço e seu público-alvo. Como aos pequenos empreendedores em geral falta capital, eles têm a urgência de divulgar para vender, mas muitas vezes esquecem de parar para pensar em questões imprescindíveis para a estratégia de comunicação, como as características do produto e do target. Fora isso, é importante pensar em todas as limitações de recursos financeiros, pessoais e de tempo que têm, para traçar estratégias que sejam adequadas a estas limitações. Isso sem esquecer, é claro, dos canais de comunicação mais apropriados em razão dos públicos de interesse.

5. E qual a sugestão que você daria aos estudantes de comunicação interessados nessa área?
Os pequenos negócios, atualmente, representam mais de 90% das empresas brasileiras e são responsáveis por 52% dos empregos e 27% do PIB do país. Como é possível perceber, formam um mercado gigantesco, geram uma enorme demanda por serviços e oferecem muitas oportunidades para profissionais que realmente conheçam suas particularidades e limitações. Um erro clássico é achar que os pequenos negócios são empresas grandes que, por acaso, são pequenas. Os modelos, estratégias e pontos de vista desenvolvidos para aplicação nas grandes empresas e ensinados nas escolas simplesmente não se aplicam aos pequenos empreendedores. Na prática, quem conseguir compreender os pequenos negócios como estruturas de características ímpar e desenvolver ferramentas especificamente para este público, certamente vai ser bem sucedido.

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Darlan Moraes Jr

Formado em Comunicação Social pela ESPM e Administração de Empresas pela PUC de São Paulo.
Foi Diretor de Criação em agências como JWT na República Tcheca, D´Arcy na Romênia, BBDO na Letônia e Rússia dentre outras. No Brasil trabalhou em agências como a McCann. Depois de 15 anos fora da pátria mãe, retornou em 2012 e hoje trabalha – através da sua empresa Nova Opção - com aproximação do Brasil, Rússia & Leste Europeu em diversos segmentos de business.
www.darlanmoraesjr.com
www.novaopcao.biz

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