No último dia 14, estive em Campo Grande (MS) para participar do Ciantec ’14, Congresso internacional em Artes, Novas Tecnologias e Comunicação. Fui a convite do organizador e colega professor da ESPM, PC Mello, para apresentar o projeto Painéis ESPM, que temos desenvolvido há seis meses. Começamos pela Flip e agora estamos trabalhando a Bienal de Artes de São Paulo, com um grupo de alunos de todos os nossos cursos, em busca de uma análise a partir de cada perspectiva e de um mergulho na própria experiência de refletir, propor e descobrir as interfaces e diferenças entre os cursos. No blackboard, é possível ter acesso aos resultados do Painel ESPM/Flip.

Ao longo da tarde quente (ainda mais que a de São Paulo), no belo MARCO (Museu de Arte Contemporânea de Campo Grande), educadores de diversos lugares e dedicados a momentos diferentes do ensino debateram sobre a aprendizagem na contemporaneidade.

Foi possível perceber o quanto os desafios de base são os mesmos que temos procurado enfrentar aqui: como fazer funcionar melhor o fluxo entre o que se ensina e o que é aprendido. A finalidade de todo o processo educativo é, naturalmente, a aprendizagem e nenhuma instituição de ensino e seus professores podem se acomodar na ideia de que “nós ensinamos, se eles aprenderam ou não é problema deles”. Isto, em geral, com certo ressentimento pelos alunos. Esta ideia é simplesmente equivocada: não se ensinou se nada foi aprendido. Dar aula é dar aula para alguém e é perceptível a saturação de métodos tradicionais, cada vez mais incapazes de chegar perto dos alunos. Um conhecimento transmitido assim, não faz sentido, não se torna apropriado por eles e, assim, não pode ser aprendido.

Vemos com mais frequência a compreenssão de que a aprendizagem é relacionada a isto: a possibilidade de fazer sentido. Para isto, é preciso que haja menos imposição dos programas prontos e de que determinados conteúdos tenham que ser administrados em cada disciplina. Compreende-se que o tempo e a forma da aprendizagem é variado entre as pessoas. Isto deriva para as formas mais variadas de se ensinar e avaliar o que foi aprendido.

O desafio é muito grande: administrar as expectativas da educação e do mercado, sob a forma de um “perfil do egresso” de cada curso; e a percepção de que é preciso construir o conhecimento dando o tempo e o espaço para que ele amadureça consistentemente. As tarefas parecem contraditórias: nosso trabalho é construir as pontes.

desanti Pedro de Santi
Psicanalista, doutor em psicologia clínica e mestre em filosofia. Professor e Líder da área de Comunicação e Artes da ESPM.

 

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