Há 20 anos o grupo Nirvana reinventou o rock & roll quando lançaram o álbum Nevermind. Foi meio que sem querer. Eles não tinham essa pretensão e muito menos os editores, que esperavam vender 200 mil cópias em dois anos e venderam 500 mil es dois meses.
O fato é que o disco estourou, nos USA e nas mentes dos jovens do mundo inteiro, a ponto de tornar Seattle a nova capital do rock.
Em 1991, a criação publicitária também experimentava novos ares. Brasil bombava. Espanha, em especial, atropelava, faturando os principais prêmios do Cannes Festival. Os ingleses e os americanos viram a suas hegemonias criativas em perigo.
Três anos mais tarde, o líder dos Nirvana, Kurt Cobain suicidou-se no seu apartamento em Seattle, deixando órfãos a sua filha, a sua banda e milhões de seguidores. Pois bem.
Hoje em dia, mesmo com o mundo virado do avesso e meio biruta (a frase é o Neymeier), o rock e a criação publicitária ficaram que anestesiados desde aqueles tempos. Eles deixaram de acompanhar o enlouquecimento dos deuses. A Espanha nunca mais foi a mesma, despencou. O Brasil caiu na real. Estados Unidos e Inglaterra voltaram a exercer suas hegemonias. Somente a Argentina tem dado seu ar da graça, ao praticar uma criatividade realmente inovadora. Mas não o suficiente para se tornar uma referência.
O que vemos hoje em todos os meios, internet incluída, é uma mesmice com fórmulas repetidas, frases feitas e clichês em profusão. Em alguns casos criativos assoberbados promovem verdadeiros remakes, sem dar crédito aos verdadeiros autores, evidentemente. Calma. Ninguém morreu para a criatividade em publicidade ficar desse jeito. Ela está se matando sozinha, aos pouquinhos. Quer saber? Nevermind.
Cabe à nova geração de publicitários (alunos da ESPM, por exemplo) resgatar a boa e velha – porém sempre na moda – busca pelo novo, pelo inesperado, pelo oportuno, sem ter um compromisso estreito com o passado. Esperem aí. Isto está longe de ser uma pregação da criatividade pela criatividade. A coisa toda consiste em fazer mais do mesmo só que de maneiras nunca vistas, nem imaginadas.
Enquanto esse dia não chega, ficamos aqui à espera do resgate. Mas não demorem não.