Tudo em nossa vida gira em torno de histórias. Desde os primórdios da humanidade, nossos ancestrais criaram histórias para explicar fenômenos da natureza e para tentar explicar o motivo de estarmos aqui. Eram os mitos e crenças primitivos, muitos tão complexos que põe o significado de “primitivo” em cheque.

Costumes, ideias, tradições e rituais são passados adiante por meio de histórias. De sua origem tribal, essencialmente oral, histórias passaram a ser contadas com desenhos, em pinturas, cerâmica e onde mais fosse possível colocar tinta. Com o desenvolvimento da escrita, foi-se possível registrar histórias de maneira a mantê-las intactas, tal qual foram escritas. Dessa maneira, várias histórias viajaram ao redor do mundo e do tempo.

Foi na Grécia que as formas atuais de narrativa começaram a tomar forma: a clássica estrutura de 3 atos, em que há uma introdução (ou contextualização, início), um conflito (o “meio”, confronto) e o desfecho (o fim, a resolução).

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Essa é uma das estruturas mais básicas de roteiro e pauta praticamente toda peça de entretenimento moderna, da dramaturgia ao cinema. Da próxima vez que for ao cinema ou ler um livro, preste atenção nisso.

Claro que, apesar de ser uma fórmula muito utilizada, não quer dizer que seja regra. Muitas narrativas são apresentadas de forma não-linear ou até totalmente fragmentada. Tudo, claro, a serviço da história. E pode ter certeza que os exemplos em que essa quebra de formato funcionou, os responsáveis eram grandes conhecedores de todo o esquema.

Exemplos em que isso é usado com Maestria?  21 gramas de Alejandro González Iñárritu, cuja trama é contada totalmente despedaçada tal qual a vida dos personagens ou Pulp Fiction de Tarantino, cuja narrativa segue a complexidade não-linear das relações diretas e indiretas entre os personagens.

Para dar um “gostinho” a mais, os contadores de histórias foram adicionando pequenas histórias dentro da história principal, os chamados subplots ou núcleos narrativos. Pequenos conflitos que começam e se resolvem durante os atos da história principal. Aquela história de romance em meio ao filme de ação (as histórias de amor em Harry Potter, por exemplo) ou a superação de personagens secundários (voltando a Harry Potter, o desenvolvimento de Neville Longbottom, para citar apenas um exemplo).

Mas como esses subplots funcionam em relação à história principal? O site StoryCharts propõe uma maneira interessante de analizá-lo: por meio de gráficos. Com dois eixos, duração da história x valor (entre “coisa boa” e “coisa ruim”), os gráficos apresentam a flutuação de emoções ao longo da história.

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Dessa forma, é possível perceber que, apesar do tão utilizado roteiro em 3 atos, a dinâmica de emoções (a expectativa, a tristeza, a alegria) nas boas histórias hoje em dia é algo único de cada produção.

Só para terminar: também é bem comum em narrativas a presença do chamado mito do herói. Originário dos mitos primitivos, essa forma específica de história foi uma das influências na estruturação dos 3 atos. A grande maioria dos filmes de ação e aventura se encaixam nesse formato, ao mesmo tempo abrangente e específico.

Como descrever em palavras pode ser um pouco longo, fica a excelente animação “What Makes a Hero?”, roteirizada a partir da palestra de Matthew Winkler para o TED-Ed, braço de caráter mais educacional das TED Talks.

Minha barba. Minha vida.