Nos anos 50, no sul dos Estados Unidos, trabalhadores campais começaram a misturar blues e country e essa mistura progrediu para o que conhecemos hoje como Rock. É importante ressaltar como o rock nasceu como uma forma de aceitação identitária daqueles que trabalhavam nas plantações.

Anos mais tarde, na década de 60, fica clara a evolução que o Rock alcançou com o festival de Woodstock, uma declaração contra governos tiranos que investiam na guerra do Vietnã. Anos mais tarde veio o movimento Punk, que pregava o Anarquismo como necessário para a evolução da sociedade. Os anos 90 viram o crescimento do Grunge, uma clara critica à corporações e governos e à forma como esses controlavam a população.

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O que temos de rock hoje em dia, porém, são várias bandas alternativas, exemplificadas em grupos como Arctic Monkeys, Tame Impala e Boogarins (para citar uma banda brasileira) que possuem uma temática mais suave e com poucas criticas ao que acontece no nosso redor. Logo se percebe como o rock que vemos hoje em dia tornou-se preguiçoso. Não é difícil entender que os maiores fãs do gênero atualmente são quarentões que vestem jaquetas, andam de moto e adoram lamentar como o rock morreu.

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Relembremos o intervalo do Super Bowl de 2015: Coldplay estava lá se apresentando, com suas letras românticas e suas melodias suaves quando de repente Beyoncé aparece com mais dezenas de dançarinas em campo lançando Formation, uma música que logo virou um hino mundial do Feminismo Negro. Não teve momento mais Rock’n Roll do que esse na história atual.

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O que acontece é que a presença de Donald Trump na presidência dos EUA representou que a sociedade atual continua machista, racista, homofóbica e xenofóbica. E o rock não soube se aproveitar disso. O rap, por outro lado, soube usar muito bem o cenário atual para se crescer.

“Um pequeno passo para a sociedade, mas um grande passo para nós”, brinca o grupo de Rap a Tribe Called Quest em “Space Program”, abrindo o novo disco, uma obra cheia de críticas ao racismo e à xenofobia da sociedade. Usher também ganhou ouro em Cannes pela criação do clipe interativo de Chains, onde só pode ouvir a música quem permanecer olhando nos olhos das vítimas de violência policial nos EUA.

No Brasil a coisa também não é diferente. Fora dos representantes do Rap nacional, como Criolo e Emicida, há também nas cantoras Karol Conká e Mc Carol uma forma nova de cantar funk no Brasil, levantando uma bandeira contra a misoginia e a homofobia. Nenhuma dessas bandeiras, tanto aqui no Brasil como no Mundo, têm sido levantadas pelo rock.

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No entanto, o título do texto está errado. Tanto pelo fato de que Donald Trump não é o único culpado pela irrelevância do rock atual – a coisa vem bem antes do presidente – quanto pelo fato de que o rock nunca perdeu sua importância, no máximo suas guitarras.

O rock nunca foi um gênero fechado em estrutura musical, onde há guitarras distorcidas, baterias pesadas e roupas escuras. Longe desse conceito, rock é na verdade uma atitude para com a sociedade, e isso é percebido onde e quando foi criado – em um cenário de pouquíssimos direitos cedidos à população negra. E nesse quesito o Rap é o maior representante dessa atitude e aqui está novamente a Tribe Called Quest para nos mostrar.

Texto de Luiz Felipe Barbosa

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