Poucos realmente param para analisar, mas estamos vivendo um momento muito importante para o consumo e para a produção de conteúdo no mundo, obviamente auxiliado não apenas pela já mais do que consolidada Internet, mas também pelas ferramentas possibilitadas por ela e por outras tecnologias.

Sou um leitor incansável de textos online e apesar de gostar muito de revistas, ultimamente tenho consumido meus textos quase que completamente na Internet, pois é onde passo a maior parte do meu tempo e onde as novidades mais interessantes estão surgindo. Acho engraçado citar pequenas situações nostálgicas como “o cheiro do papel” como argumentos contra o fato de que o conteúdo online será sim, a primeira opção de canal a partir de agora.

É muito claro na minha cabeça que livros e revistas, assim como discos, não serão mais (e em muitos casos já não são) os principais formatos, mas também não vão acabar e nem se tornarão produtos de nicho como dizem alguns. Serão opções diferentes de consumo e enquanto fizer sentido mercadologicamente e der dinheiro para as editoras, continuarão existindo. O que deve ser percebido é que o cenário atual pede o conteúdo online, com acesso fácil a conteúdo adicional, comentários, arquivamento e o tão lembrado compartilhamento que apesar de muitas vezes mal utilizado, é muito útil. Em resumo, o conteúdo online tem suas desvantagens como a necessidade de leitura em tela brilhante (exceto no caso de um e-reader) e as possíveis distrações, mas isso tudo é detalhe ao levarmos todas as já citadas vantagens e a quantidade, portabilidade, acessibilidade e a crescente qualidade deste conteúdo.

Diferente do que muitos acreditam, a Internet tem lugar sim para textos e artigos longos e bem trabalhados. Nos EUA e na Europa, os chamados longforms tem ganhado popularidade e muitos movimentos que defendem estes textos bem escritos. Estive presente inclusive em um painel no festival SXSW no Texas sobre o assunto. Além de alguns grandes veículos que trabalham com este formato, as produções independentes tem crescido muito em quantidade e qualidade, já que tem cada vez mais gente boa (e ruim, obviamente) querendo se manifestar e a Internet possibilita essa facilidade e tem criado cada vez mais maneiras também de nos ajudar a selecionar o melhor de tudo isso.

Preparei um guia básico de algumas ferramentas que uso e que me ajudam a consumir este tipo de conteúdo por completo.

Meu smartphone está sempre comigo e hoje em dia, com as telas cada vez maiores, está mais fácil usá-lo para passear por conteúdo durante o dia e guardá-lo para ler à noite ou aos finais de semana no tablet, ou em alguns casos no e-reader que privilegia muito a leitura.

Minha dinâmica durante o dia é passear pelo Twitter, Facebook, pelo excelente Medium e pelos Feeds RSS que agora com o fim do Google Reader tem como melhor alternativa o Feedly.

Na tentativa de não comprometer minha produtividade diária, evito ao máximo ler qualquer texto durante o dia, deixando as leituras para a noite e para os finais de semana. Para isso, utilizo o Pocket, serviço de armazenamento de artigos (fotos, vídeos e páginas da web também) para leitura posterior.

O Pocket é a alternativa mais consistente por diversos motivos, entre eles o design, a facilidade de uso e principalmente a ampla disponibilidade de aplicativos, plugins e integrações com todas os dispositivos e aplicativos como todos os citados anteriormente.

Até aí, pode não ser novidade para muitos que devem utilizar um setup parecido, mas a qualidade de absorção das minhas leituras aumentou consideravelmente quando passei a usar o Evernote para salvar as principais citações dos textos que lia. O Evernote é um fantástico sistema que tem como objetivo se tornar sua memória virtual, lhe possibilitando em todas as plataformas, gravar conteúdo da maneira que preferir, seja em texto, áudio ou imagens. Por sua grande integração com o Pocket, onde leio a maior parte dos textos, é possível selecionar principais trechos e compartilhá-lo em um “caderno” que tenho apenas para estas citações separadas por tags temáticas. Auxiliado posteriormente pelo ótimo sistema de busca do software, consigo encontrar todas as ideias e uso este meu caderno também como fonte de inspiração para boas ideias.

Em suma, existem movimentos fortes caminhando contrários à máxima de que na Internet funcionam apenas textos curtos. Apenas  o consumo destes textos deve ser feito de maneira diferente, em horários e locais diferentes e com o auxílio das ferramentas corretas. Além disso, a tendência é que cada vez mais sites e blogs invistam em designs limpos e que privilegiem a leitura, além de vermos cada vez mais iniciativas inovadoras em layout como Pitchfork, The Verge, ESPN ou The New York Times.

Para saber mais sobre o Lucas Repullo, clique aqui.

Os colunistas do Newronio são professores, alunos, profissionais do mercado ou qualquer um que tenha algo interessante para contar.