Em fevereiro tivemos o lançamento de Clarisse ou alguma coisa sobre nós dois, um filme de terror/suspense nacional, que só por isso já é uma raridade. Além de arriscar com um gênero pouquíssimo explorado no país, o filme chamou atenção por uma fotografia bem executada. Dirigido pelo cearense Petrus Cariry, o filme marca o fim de sua “Trilogia da Morte”. Você pode conferir o trailer abaixo.

Apesar do próprio diretor não considerá-lo como um filme do gênero, trabalhando mais com a suspensão do tempo para criar tensão, Clarisse é o mais próximo que chegamos de um filme de terror brasileiro faz algum tempo. Petrus comentou de que já possui um argumento para um filme de horror, mas que não pretende preencher essa lacuna que nos falta no cinema nacional. Mas por que não?

Obviamente lançar filmes independentemente no Brasil já é uma dificuldade enorme. Os gêneros que mais geram lucro aqui são comédias escrachadas, que parecem terem sido feitas com a TV em mente, e quando esse não é o caso, são os filmes violentos que envolvem a polícia ou a favela. Enquanto isso, o cinema independente explora mais dramas familiares ou romances, que também não conseguem arrecadar muito na bilheteria. Portanto, após analisar esses fatos, o terror parece uma opção óbvia de escape para diretores em ascensão, mas ainda assim não é aproveitado.

Outros países já provaram que filmes de terror/suspense podem ser globalizados com mais facilidade, muitas vezes atraindo até os infames remakes americanos, e ainda por cima são os mais baratos e sempre atraem uma bilheteria mais do que razoável. Os asiáticos já provaram isso, o gênero faz parte de uma indústria enorme por lá que sempre alcança sucesso no resto do mundo, especialmente por parte dos coreanos e japoneses.

traintobusan00Train to Busan custou cerca de 8,5 milhões de dólares e atingiu mais de 80 milhões em bilheteria no mundo todo, estando até mesmo em diversos cinemas brasileiros (até em Campo Grande passou).

O Chamado, O Grito, A Tale of Two Sisters e I Saw The Devil não passam de 5 milhões de dólares em seus orçamentos. Todos eles alcançaram público por volta do mundo e até geraram remakes americanos.

O Brasil possui tanto potencial quanto os asiáticos para atingir esses números, só nos resta coragem para fugirmos do “apelo Globo Filmes” e tentarmos atingir públicos maiores com produções que fogem do genérico.

 

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