selo cannes 2015

Acordei atrasado e culpo essa mania deles de oferecer festa open bar toda hora. Mas tudo bem porque eu acabei me atrasando só um pouquinho! Cheguei na Academia e ninguém estava lá, meu primeiro pensamento foi: Ninguém acordou da festa de ontem. Erro leviano, todos já tinham ido pra palestra então corri porquê sabia que a fila deveria estar enorme, afinal, estamos falando do Pharrell Williams. Cheguei NA HORA que a galera estava pra entrar, sentamos e ouvimos Ryan Seacrest e Pharrell Williams discutirem sobre o conteúdo colaborativo na indústria do entretenimento.

Muito diferente da palestra do Marilyn Manson, o Pharrell transparece muita autenticidade. Ouvir ele falar é realmente inspirador e é indiscutível sua característica genuína de alguém que tenta fazer o bem. O cara tem muito star power, sério. Os flashes das câmeras pareciam metralhadoras.

Saímos da palestra e já era nosso horário de almoço, então segui junto com uma brasileira muito bacana, estudante de cinema em Miami, pra almoçar em algum lugar decente. Decente não é bem a palavra que melhor definiria o restaurante, já que nossos pratos estavam extremamente sem gosto. Mas quem está reclamando?

A tarde na Academia foi bem agitada. Primeiro tivemos uma palestra com um psicólogo ex policial que vive de negociar com terroristas. Foi muito interessante entender a teoria por trás das negociações e como é importante compreender o contexto do receptor (no caso dele, os terroristas) para agir em diferentes níveis estratégicos.

Depois disso fomos surpreendidos com um dos diretores criativos da Lego, que nos alocou em equipes e nos passou um briefing bem diferente: além de buscar a solução para o problema proposto, tivemos que apresentá-lo em forma de lego. Recebemos algumas peças e, bacanudos como somos, nomeamos nossa ‘agência’ de the Winking Lion, um fictício prêmio para aqueles trabalhos engraçados, feito por gente descontraída. Construímos também um leão de lego pra simbolizar nossa união e o pessoal do Lego gostou tanto da ideia e da nossa atidude frente ao desafio que deixaram que a gente ficasse com o leão. Combinamos que no último dia cada um da equipe vai ficar com um pedacinho do leão pra lembrar dos outros quando algum de nós ganhar um leão de verdade.

Por fim, alguns dos Future Lions vieram apresentar seus trabalhos e conversar sobre a competição, foi bem bacana mas tive que sair mais cedo pra tentar resolver o problema da chave no vão do elevador. Cheguei no apartamento e recebi uma ligação dizendo que eles não poderiam ir me ajudar, mas que iam entrar em contato com a empresa dos elevadores pra fazer uma busca no vão e ver se encontram a chave. (Todos rezem porquê a chave é extremamente cara, por favor)

Voltei pro Palais pra ver a premiação. Posso dizer que é bem emocionante. Apenas o fato de estar ali, em um ambiente onde aquilo que você faz é apreciado, já é muito legal. Ver as peças ganhadoras é melhor ainda!

Os dois pontos altos da noite, na minha opinião, foi o lançamento do Glass Lion, uma premiação focada em peças de comunicação conscientes sobre desigualdades de gênero, que foi acompanhado por um discurso introdutório extremamente tocante feito pela Lead Jury da categoria, Cindy Gallop. O outro ponto forte foi ver o pessoal da ALS Association receber o leão de ouro pelo uso de mídia em sua famosa divulgação de conscientização sobre a Esclerose Lateral Amiotrófica, ou como ficou conhecida na internet, a Ice Bucket Challenge. Eu não estou exagerando quando digo que TODOS aplaudiram de pé por longos minutos. Foi extremamente emocionante e muita gente chorou.

Saímos de lá, nos reunimos e fomos andar pela orla procurar alguma festa pra entrar. Acabamos por descobrir que basicamente todas as festas na praia tem lista de convidados e que você pode sim colocar seu nome sem grandes problemas………… desde que 24 horas de antecedência. Resultado: fomos barrados na festinha, o que nos levou a um bar bem estranho, onde bebemos uma bebida bem estranha (e ruim) que o garçom não queria dizer o que era. #YOLO (depois descobrimos que era Jack Daniels, Cointreau, Amaretto, e mais umas coisas com gosto de morte).

Quando acabamos, enquanto eu voltava para casa sozinho, encontrei na rua a AJ Hassan e a Adine Becker, duas integrantes da equipe responsável pela campanha Like A Girl de Always. Me aproximei e parabenizei-as pelo ótimo trabalho e, obviamente, pelo Glass Lion que levaram pra casa. Elas eram muito simpáticas, elogiaram meu entusiasmo, me chamaram de fofo e, depois de uma longa conversa sobre essa corrente da publicidade que tenta fazer o bem pra sociedade, disseram com todas as letras: “Esperamos estar aqui em Cannes daqui uns anos quando você estiver recebendo seu primeiro leão!”. Gente. Isso não se fala para um estudante deslumbrado. Deu até taquicardia. Quando passou um pouco a palpitação, abracei elas e me despedi, já que elas estavam indo comemorar o prêmio.

Resumo do dia: Não confie em drinks que têm como descrição no cardápio ‘Segredo, confie na gente’.

11159480_10204622263615733_567708420564573333_n Luis Michelazzo
Colecionador de referências, as busca nas mais diferentes vivências que ele possa ter. Seja seguindo gnus em uma jornada pelo Serengueti ou trabalhando em um albergue em Roma, ele está sempre aberto a novas experiências pois sabe que um dia elas lhe serão úteis. Apaixonado por viagens, por narrativas e por uma boa cerveja com os amigos, já morou na Austrália e na Inglaterra, onde estudou Cinema e Multiculturalismo na University of Westminster e tietou a Emma Watson.

Os colunistas do Newronio são professores, alunos, profissionais do mercado ou qualquer um que tenha algo interessante para contar.