Sinapse por Lucas Youssef, 09/04/2010

Ontem (literalmente ontem, aqui mesmo) a questão era “Cadê as rádios?”, e no desenrolar da solução, surgiu um outro ponto interessante, que já foi apontado, mas que talvez mereça um post para chamar de seu. Cadê os novos artistas? Tudo bem, já está dito: na internet. Mas, e daí? E daí que agora todo mundo é muito mais ativo no quesito música. E daí que…

Todos nós temos nas nossas listas de artistas mais tocados alguém que deve boa parte da fama à internet, com um mínimo de atenção sobre as histórias deles é possível confirmar isso. Eu sei que Kate Nash e Arctic Monkeys, sempre na minha listinha de 25 mais tocados, devem muito às redes sociais. Kate compartilhava suas músicas no MySpace e por isso foi descoberta por Lily Allen, que já fez a mesma coisa no começo da carreira. E foi com o empurrãozinho do mesmo MySpace que o sucesso chegou para o Arctic Monkeys, que teve seu material divulgado por fãs na rede e só então foi percebido como fenômeno do rock.

E dos filhos da internet, quem ultimamente está chamando a atenção pelo buzz que anda gerando por aí e pela rapidez com que tem reunido cada vez mais fãs por meios virtuais, é o Justin Bieber. Sim, ele, o mais novo cantor-gatinho a se tornar sensação entre garotinhas de todas as idades. Elas estão enlouquecidas com as músicas melosas e a carinha de fofo do loirinho (suspiros femininos ecoam no ambiente). E o menino está todos os dias nos TTs e nas atualizações dos principais caçadores de viral stuff na web.

As pré-adolescentes já trocavam de ídolo a cada seis meses mesmo antes do surgimento dos Hanson. O que diferencia Justin de outros queridinhos das meninas é justamente ter se lançado à fama usando o YouTube, onde colocava seus vídeos de covers de cantores como Usher e Justin Timberlake. Hoje tem um álbum com ótimas vendas, além de críticas positivas e toda essa repercussão citada.

Agora, aqueles que animam nossos fones de ouvido saem direto da internet. Óbvio que algumas pessoas ainda são descobertas pelos jeitos tradicionais. Mas Justin Bieber e Susan Boyle (sim, ela de novo) são exemplos de que a rede não está produzindo ídolos apenas para nichos, como as bandas que andam sendo generalizadas como indies – muitas vezes erroneamente. Os dois mostram que ficou mais fácil alguém que tenha talento e disposição para dar a cara a tapa conseguir chegar ao estrelato com a ajuda de redes sociais. Todo mundo tem incontáveis chances de conseguir, mesmo que sejam 15 minutinhos de fama.

O mundo está agora cheio de palcos virtuais.  De repente alguém chega e começa seu show em um deles, em seguida outro alguém começa a aplaudir, e se um número bom de pessoas aparecer, está feito. Um novo ídolo está criado. Foi por causa deles que Boyle conseguiu conquistar sua fama mundial – mesmo que tudo tenha começado efetivamente em um palco real. Um viva à senhora pacata que se tornou estrela. Um viva a todos que realizaram isso.

Realizar… Real… O adjetivo que muitas vezes usam para falar sobre Bieber ou Boyle é “real”. Realidade: ela está espalhada por todos os lados ultimamente. Escolhemos quem serão os novos atores, cantores e também nossas celebridades vazias em reality shows. Por que não escolheríamos quem vai interagir com muitos aspectos de nossas vidas através da internet? Por que, nós que adoramos dar opinião sobre tudo, não participaríamos desse grande concurso em busca do próximo ícone musical? 

Twitter: @yousseflucas @NewronioESPM