Já deve durar mais de 10 anos aquela notícia “alarmante” de que as grandes gravadoras estão em crise. Não é novidade nenhuma que, nos últimos 10 anos pelo menos, as formas de se consumir e distribuir música mudaram radicalmente. Onde se ouve, como se ouve, de onde se ouve, de onde se conhece… tudo mudou. O que não mudou foi a busca pelo lucro com a música e a criatividade de alguns artistas que, sem pretensões financeiras, fazem de tudo para que sua música chegue aos fãs.

Exemplos da primeira não faltam e até já foram abordados por aqui (como o Iron Maiden resolveu vender cerveja). São ações que pode ser consideradas grandes jogadas de marketing e, por isso, têm todo seu mérito. Mais interessantes são as ações do segundo tipo, em que os artistas só querem ser ouvidos. Algumas das mentes mais criativas da indústria musical estão por trás dessas jogadas.

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A grande estrela das formas alternativas de distribuição musical é Amanda Palmer, cantora, artista e esposa do grande Neil Gaiman (são feitos um para o outro). A musa questiona valores humanos, morais (já se apresentou inteiramente nua em resposta a um artigo pouco conveniente sobre um flagra de suas partes íntimas) e até mesmo fala sobre os rumos da indústria musical da atualidade e do medo que as grandes gravadoras têm de artistas capazes de chegar até seus fãs sem sua ajuda (como por crowdfunding, por exemplo).

Outra personalidade que tem mexido na forma de se distribuir música, menos recente mas cuja contribuição ao mundo musical o torna um clássico, é Beck. O músico americano, nome confirmado em qualquer lista de grandes artistas alternativos do folk e do blues, anunciou esta semana junto à Capitol Records a distribuição gratuita de seu novo album, Morning Phase, via streaming para os passageiros durante vôos da companhia aérea Gogo.

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A ação é uma forma interessante de tornar a audição de material novo algo “único”. Em meio à distribuição e dispersão descontrolada de todo tipo de informação e, principalmente, de vazamentos de músicas e filmes antes mesmo de seu lançamento, o acesso privilegiado ao album é uma forma interessante de resgatar a aura (em definição quase análoga à de Walter Benjamin) de se comprar um disco (ou CD) que ninguém ainda tem ou ouviu.

Minha barba. Minha vida.