No último dia 21/09, aconteceu na ESPM o II Fórum ESPM de Comunicação, promovido pelo curso de Publicidade.

Dentre as mesas, a da noite teve como tema Ativismo, Marcas e Comunicação, que teve como participantes Adriana Carvalho- da ONU/Mulheres- Laura Chiavone- publicitária e ativista da igualdade dos direitos na área profissional, Leão Serva, do SEM CARRO, ativista da área da mobilidade urbana e eu, como professor da área de Humanidades e Direito.

Todas as falas foram bastante incisivas e afirmativas dos campos ali representados. Este é o espírito ao ativismo, afinal.

Um dos temas recorrentes foi o quanto o ativismo representa mesmo uma ocupação de espaço próprio, o que implica na redução do espaço de quem o ocupava anteriormente. Isto foi muito claro na fala de Leão Serva: as estratégias de mobilidade humana devem, mesmo, tornar a vida de quem anda de carro desconfortável.

Trata-se de uma luta pela ocupação de um espaço finito. Uma reacomodação de forças sociais que buscam adquirir poder.

A multiplicação das vozes que se fazem ouvir recentemente não gera conflito, mas o explicita. O conflito sempre esteve lá, velado, calado. E é quanto se colocam as cartas na mesa que se pode começar a negociar o convívio na pólis, de acordo com novos jogos de força que se configuram a cada momento. Esse negócio de democracia é tenso.

Então, viva a política, viva a pólis e viva o ativismo.

Em contrapartida, propus que se distinguisse o ativismo de um ‘reativismo’. O que significa isto? O ativismo seria a manifestação legítima e vitalizada de uma força social, a expressão do que é real; enquanto o reativismo seria o discurso ressentido e vingativo de quem, tendo sofrido opressão ao longo do tempo, se coloca na posição de reproduzir o modelo, agora como opressor. Nesta reprodução, demonstra uma identificação com seu agressor e perpetua aquele mesmo jogo que diz recusar. A consciência de ter sofrido opressão não se transforma na saída desta posição, mas na manutenção de um discurso vitimizado, desde onde se reclama privilégios compensatórios.

Assim, muitas vozes que se erguem em nome da diversidade, não a toleram; elas pleiteiam o direito de falar, mas almejam impor o silêncio àquele que identificam como o antigo opressor.

Em geral, quando alguém se considera o ‘outro’ em posição de exclusão, reclama por diversidade e inclusão; mas quando se empodera, institui novos ‘outros’ a serem calados. Triste e humano.

Arrisco dizer que o reativismo não proporciona movimento e vida, apenas realimenta o ódio ao outro como combustível para a coesão de um grupo e o anseio pela aniquilação da diferença.

Viva o ativismo, mas esperemos que um dia se dissolva o reativismo.

desanti

Pedro de Santi

Psicanalista, doutor em psicologia clínica e mestre em filosofia. Professor e Líder da área de Comunicação e Artes da ESPM.

   

 

 

Os colunistas do Newronio são professores, alunos, profissionais do mercado ou qualquer um que tenha algo interessante para contar.