Ele já criticou as fórmulas de enredo utilizadas em longas de super-heróis, já encaixou o ator Johnny Depp nos mais variados tipos de personagens e vem construindo história por meio de suas direções extremamente relevantes no mundo do cinema. Tim Burton não é uma figura conhecida por mera coincidência, os seus projetos possuem estilo visual marcante e incontáveis peculiaridades.

Já parou para pensar como as figuras retratadas em suas produções se fixaram no imaginário humano? Edward Mãos-de-Tesoura, por exemplo, é um personagem icônico. Além de possuir uma força artística gigantesca, o protagonista se tornou um produto dentro da área que mistura arte e cifrões – é válido destacar que o filme possui toda uma linha de produtos que contempla desde boxes especiais com inúmeros discos até bonecos e brinquedos.

Todo o sucesso do diretor é inegável, entretanto existe uma onda de resistência que insiste em contrariar seus personagens de olhos grandes. A crítica, no geral, tem realizado comentários ácidos sobre os seus últimos lançamentos.

Existe um constante questionamento sobre o poder de inovar dos profissionais de cinema e Tim Burton (quase) sempre é classificado como ultrapassado e previsível. Dessa forma, é interessante parar e pensar: quem estaria certo nessa jogada? Produtores de conteúdo dos grandes veículos e a banca dos críticos ou um artista interessado em passar uma mensagem?

Nesse caso, a resposta é, com certeza, menos interessante do que a pergunta. O ar hollywoodiano é muito mais competitivo do que imaginamos e a instância de julgar um filme é bem complicada. Por exemplo, em sua último longa lançada (“Grandes Olhos”), Burton critica uma sociedade engolidora de talentos e que só está interessada em lucrar. E não é curioso notar que a essência do filme está intimamente ligada com a fase que o próprio diretor está passando?

Não é preciso ir muito longe para perceber isso. Uma breve (e simples) pesquisa no Google dará conta de sustentar esse argumento, uma vez que Tim está relacionado com adjetivos e palavras-chave nada agradáveis. “Tim Burton é salvo por atuação de Amy Adams” e “O Fracasso Genial” são títulos de matérias que fazem referência ao momento vivido pelo americano.

Seu clima sombrio e roteiros psicológicos parecem estar em declínio, se visto pelos olhos de uma mídia interessada em vender assunto. Mas e o restante? Como se posiciona no decorrer dos minutos de seus filmes? Bom, essa é uma resposta pessoal, todavia é inegável dizer que o Burton tenta se manter fora da curva.

Lana Del Rey, figura pop e melancólica, fez parte da trilha sonora de seu último filme exibido. Os efeitos especiais estão sempre impecáveis. Os cenários são verdadeiros quadros surrealistas – já tentou pausar algum longa de Tim Burton? Faça o teste em “Alice no País das Maravilhas” por exemplo e note a preocupação com o equilíbrio visual, as cores e como cada elemento está em seu devido lugar.

Tim Burton pode até não estar em seu melhor momento (sim, ele e Helena Bonham estão separados), entretanto a sua produção não deve ser desconsiderada. A sua lista de filmes é impressionante e rica, além de gerar bons questionamentos. “Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas” narra a complexidade das relações de um jeito tão valido quanto “Fonte da Vida” de Aronofsky, por exemplo. A pseudo dificuldade está, talvez, na linguagem escolhida por Burton e em suas metáforas irreverentes.

Assim, fica claro que o papo de herói pré-determinado e romântico não cola com seus temas e que suas cenas são marcadas pelo inusitado. Aliás, qual seria a graça dos filmes (e da vida) se não houvessem surpresas?

Nome de rei, força de vontade de plebeu.