Uma arte elitista que por muito tempo obteve um patamar que a diferenciava das outras danças, se fechando assim em grandes nomes e formando um círculo vicioso para o gênero. Por que passamos tanto tempo exaltando coreografias de balés que foram feitas a séculos atrás? Sem querer tirar a importância de cada época, uma coisa que a história já nos provou é a necessidade de ressignificação para avançar.

A genialidade de coreógrafos clássicos como o singelo Marius Petipa e suas camponesas em Giselle, ou até o estonteante Mikhail Baryshnikov com suas ciganas em Dom Quixote, é indiscutível. A consciência de tais obras é imprescindível para a formação de uma bailarina. Viver e ter conhecimento dos repertórios é o começo para encher a sua mala de experiências, mas não é tudo.

Não foi à toa que Isadora Duncan e Ana Pavlova ganharam tanto reconhecimento no balé moderno. Essas duas mulheres quebraram alguns padrões mais do que necessários para a época, convergindo a dança clássica com a contemporânea. A começar por tirar as sapatilhas de seus pés e uma grande parte das mil e uma camadas de tules que as fantasias tinham. Descalças e usando túnicas, elas revolucionaram e subjetivaram o balé, fazendo uma verdadeira revolução.

A partir do momento em que o balé é destituído de seu pódio, entrando em contato com os outros gêneros como a dança de rua, flamenco e jazz, a arte saí de seu palco e chega na rua, se fundindo e transformando mais uma era de possibilidades. Foi isso que aconteceu na vida do bailarino Lil Buck.

Um menino que cresceu dançando as músicas que eram do seu contexto, como o rap, entrando em contato com o B-Boy e Hip hop. Depois de algum tempo se especializando nisso, um diretor artístico ofereceu uma proposta para sua companhia de dança: “Vocês nos ensinam hip hop, e nós o balé”. A verdadeira prova de que tudo deve ser visto como arte, independentemente de onde nasceu ou de quais nomes carrega.

O projeto foi filmado na fundação Lois Vuitton, que apresenta uma exposição de arte moderna junto com pintores renomeados como Degas e Picasso. Nada mais interessante que trazer a dança de dentro dos palcos para o museu, em um ato nobre e considerável já que tudo é arte.

Dirigido por Andy Margetson, um especialista em produzir clipes e conteúdo relevante juntando o audiovisual com a dança, outra conversão que deve ser admirada, e já é apoiada por algumas marcas que o contrataram como MTV e Timberland. Com imagens simples, limpas e detalhistas, o curta-metragem se transformou em algo impecavelmente singelo.

A dança, como qualquer outra arte, é uma forma de expressão e linguagem. Usá-la de uma forma a explicar outras artes de uma maneira mais lúdica e interativa é um recurso pouco utilizado, mas muito nobre. O Panthéon de Paris trouxe uma produção um pouco inusitada para o seu museu, colocando um palco giratório com uma cama elástica, que permite experimentar as teorias da gravidade de uma maneira menos teórica.

Não é a toa que nos remete ao circo de Solei, uma verdadeira mistureba de muitas artes diferentes em espetáculos incrivelmente bem produzidos. A globalização nos permitiu trocar experiências e ideias, e o futuro das artes consiste majoritariamente nessas conversões autênticas e fantásticas.

eu causei desgosto pro enem, mas to aqui.