Quem não adorava chegar antes à sessão de cinema para não perder nenhum trailer? Claro que hoje não é mais tão legal devido à enorme quantidade de propagandas, mas saber antes dos outros (ou pelo menos parecia) o que estava por vir, era muito legal.

É muito comum nos decepcionarmos com filmes cujos trailers são insanos e o filme não acompanha (alguém aí pensou no primeiro Motoqueiro Fantasma?). Isso tem um motivo: muitas vezes, o responsável por montar o trailer não viu o filme. Muitas vezes o filme não foi nem terminado no momento em que o trailer é divulgado.

Uma das grandes mentes por trás da maioria dos trailers que vemos é Mark Woollen, responsável pela criação e montagem dos previews de vários sucessos de Holllywood.

Woollen conta que cada trailer nasce do encontro de 3 conceitos: o filme em si (no estágio em que estiver), as exigências do diretor (que podiam ser as mais diversas) e a própria história que Woollen sente que o trailer deve contar.

Cada trailer é uma experiência nova, o editor não trabalha com fórmulas prontas, como aquela atualmente em voga em filmes de ação: nenhuma música, flashes de momentos tensos e barulhos fortes que pontuam essas cenas até um clímax em fade-out (quando a tela fica preta). Exemplos não faltam.

Um exemplo do trabalho meticuloso de Woollen é o arrepiante trailer de The Social Network.

O trailer não tem compromisso com a ordem cronológica do filme, nem com a trilha sonora, nem mesmo com a atmosfera deste. É um produto completamente novo criado com as mesmas cenas gravadas para o filme.

Mark Woollen trabalhou em aproximadamente 100 trailers, o que é um número impressionante. Mas, pelo menos na indústria de trailers, não o faz campeão.

Com mais de 5.000 (sim, CINCO MIL!) trailer no currículo, mais de 750.000 comerciais de televisão, Don LaFontaine, conhecido como The Voice, é uma verdadeira lenda do negócio.

O mundo dos trailers pode ser divido em antes de seu trabalho e depois de seu trabalho. Você, com certeza, já ouviu sua voz. O famoso início “In a world…” é de sua criação.

O vídeo acima é um mini-documentário narrado pelo próprio LaFontaine poucos anos antes de sua morte em 2008, é uma pérola: apresenta um personagem que, mesmo tão presente ao longo de nossa vida, passou quase despercebido.

Enfim, essa indústria mágica que se assemelha tanto com a propaganda é um território muito mais rico do que jamais poderíamos imaginar.

Minha barba. Minha vida.