A arte de rua, reconhecidamente uma forma de transgressão e expressão do descontentamento com relação à sociedade e seus costumes, tem ganhado espaço na mídia ao longo dos últimos anos. O que começou sendo visto como simples vandalismo hoje repousa merecidamente em galerias e exposições de arte ao redor do mundo.

Se, em qualquer lugar do mundo, alguém se sente oprimido, esse tipo de intervenção, em espaço público, de forma e ilegal e geralmente anônima, tende a surgir. Com o Irã não seria diferente.

A religião islâmica, cuja influência política através da figura do Aiatolá, possui o estigma da opressão, do retrocesso e da ausência de democracia. Mas esses são apenas elementos que impulsionam, justificam e dão o tom para que artistas de rua possam executar o seu trabalho.

O mais conhecido, atualmente, é Black Hand, autointitulado o “Banksy Iraniano”. A influência do britânico, maior artista de rua da atualidade, é bem visível: do tom irônico e político de seus temas à utilização de estêncils em preto e branco.

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O artista critica desde a sociedade iraniana até assuntos mais amplos, como a recente ofensiva na Faixa de Gaza. Nas obras acima, o artista critica a proibição às mulheres de frequentar estádios de futebol (que lá é considerada atividade exclusivamente masculina)  e também faz um apelo contra o derramamento de sangue desenfreado em Gaza.

Outros temas que costumam pautar as obras de cunho político do artista envolvem a democracia, o fanatismo religioso, a violência ou até mesmo a hipocrisia de certas leis (islâmicas, árabes, ocidentais, israelenses, americanas, todas elas).

Aqui mais algumas obras de Black Hand:

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Como todo artista cuja obra toca em assuntos sensíveis e que incomodam, suas artes costumam ser rapidamente apagadas pelas autoridades. Como forma de divulgar o trabalho, foi criada uma página não oficial no Facebook, em que fãs fotografam e compartilham os estêcils que encontram.

Minha barba. Minha vida.