Por aqui já falamos de um certo Rob Liefeld, cuja habilidade no desenho foi (e ainda é) bastante questionada.

Hoje então, apresentamos o total oposto, aquele que aumentou o patamar técnico das histórias em quadrinhos, aquele cujas páginas em nada deixam a desejar à grandes pinturas de nomes de peso como Edward Hopper ou Normam Rockwell.

Estamos falando de Alex Ross.

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Nascido em 1970 na cidade de Portland, começou a desenhar com apenas 3 anos. Um de seus temas favoritos era, justamente, o Homem Aranha, protagonista de seu desenho favorito.

Em entrevista, Ross comenta que durante um festival da aeronáutica viu um ator fantasiado de Aranha e ficou maravilhado. Andar por aí, com o rosto coberto e aquela roupa vermelha e azul era demais. Para ele, ou ele passava a se vestir daquele jeito, ou passava a desenhar aquilo.

Por algum tempo, o artista disse ter feito os dois.

Aos 17 anos entrou para a American Academy of Art em Chicago, onde sua mãe também havia estudado. Lá recebeu treinamento formal em técnicas de pintura e teve contato com arte hiper-realista, como as pinturas de Salvador Dalí, que o influenciaram imensamente e o levaram a se perguntar se esse estilo não combinaria com as HQs que tanto gostava.

Assim que se formou, foi trabalhar na agência Leo Burnett como ilustrador. Um de seus jobs favoritos à época eram os storyboards que, na sua opinião, eram quase a mesma coisa que o que queria fazer da vida: quadrinhos.

Um dos primeiros trabalhos que Ross realizou em quadrinhos foi Terminator: Burning Earth, da série que aqui é conhecida como Exterminador do Futuro, em 1990.

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Com a experiência de fazer um quadro em poucas horas durante as aulas de pintura a óleo, o artista pensava que poderia finalizar uma página por dia. Não demorou nada para perceber que não ia dar certo.

Em 1993, Ross fez seu primeiro trabalho para um dos grandes estúdios de HQs, a minissérie Marvels, que conta histórias dos Avengers de uma forma um tanto diferente: do ponto de vista de uma pessoa comum, mera espectadora de todos os eventos cósmicos.

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O grande salto na carreira de Alex Ross veio com a parceria com o escritor Paul Dini e a série The World’s Greatest Super Heroes, edições em capa dura e com formato maior do que as revistinhas tradicionais apresentando histórias dos maiores heróis da DC, a Liga da Justiça.

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Em Super Homem: Paz na Terra, o Super Homem faz aquilo que muita gente sempre criticou em suas histórias: se ele é um ser com poderes quase infinitos, por que ele não se empenha em acabar com todos os problemas do mundo?

Aqui ele tenta, e muito. Mas enquanto irriga sozinho milhares de campos para produzir alimento para muitos países africanos, outras regiões do mundo já estão entrando em guerra novamente e o herói chega à terrível conclusão: os problemas da Terra são consequências humanas e só acabarão quando o próprio ser humano mudar.

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Já em Batman: Guerra ao Crime, ao presenciar um latrocínio à beira do rio, Batman encontra algo que o faz lembrar de si mesmo: o filho do casal que acabou de ser assassinado.

O menino acaba se envolvendo com criminosos e os dois se reencontram em diversas situações até o momento limite em que este aponta uma arma para Batman, que deve convencê-lo de que o mundo pode se tornar um lugar melhor.

Em 1996 Ross ilustrou e co-escreveu junto a Mark Waid uma das histórias em quadrinhos de super heróis mais bonitas de todos os tempos: Reino do Amanhã.

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No futuro, o Espectro chega a um paciente terminal para que este tome a decisão mais importante do Planeta Terra, que ele pondere todo o ocorrido e enfim decida pelo melhor.

A ascensão de super-humanos sem as mesmas regras morais e conduta ética dos heróis da Liga da Justiça resulta na morte do Coringa após este destruir o Planeta Diário e matar Louis Lane. O choque de perder ao mesmo tempo sua vida como Clark Kent e também o fim de toda a conduta moral que praticou, levam o Super Homem a se aposentar.

O mundo cai em desgraça, com gangues de super humanos aterrorizando a população e causando muitas mortes, a ponto de se envolverem em um acidente nuclear que comprometeu gerações de safras de alimentos nos EUA.

Mulher Maravilha busca tirar o homem de aço do exílio, o único capaz de acabar com o caos, aquele que inspira a todos que o rodeiam. Após tanto ver tanto sofrimento, ele finalmente aceita a árdua tarefa de recolocar o mundo nos trilhos.

Mas é claro que os vilões nunca deixaram de tramar seu fim definitivo.

Kingdom Come 4-187 Never-Ending Battle

Pois é. A HQ, toda pintada em guache, é talvez um dos momentos mais importantes e sensíveis de toda a história do Super Homem em seu aspecto mais humano.

Na última década, Alex Ross vem trabalhando em uma série de projetos tanto para a Marvel como para a DC, bem como ilustra também diversos pôsters de filmes, eventos e edições especiais de todo tipo de material, em especial videogames.

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(essa arte foi pra uma edição limitada de WatchDogs)

Uma curiosidade: o pôster da 74ª premiação do Oscar, em 2002, foi ilustrado por Ross em uma homenagem a um de seus grandes ícones, Batman.

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Minha barba. Minha vida.