Sinapse por Pedro Hutsch Balboni, Primeiro de junho de 2009, às 17h

alienação Newronio ESPMFalar em alienação é sempre muito complicado, mas cada vez mais importante. A internet possibilita a livre expressão de idéias de maneira fácil e gratuíta, motivo esse que me levou a começar a escrever textos em blogs. Acontece que os interesses por temas a serem lidos na rede é cada vez maior com temas que.. bem, temas que levam ao que poderia ser chamado de uma alienação crescente. E inúmeros textos de grande profundidade disponíveis como nunca ficam sendo material de leitura da mesma minoria que os teria lido mesmo que fossem difíceis de ser encontrados.

É fácil de constatar esse fenômeno: você já ouviu falar da Susan Boyle? Já viu o vídeo do choque da uva? Já ouviu a música “Chance“, de Ednaldo Pereira? Ronaldo? A marmota (Dramatic Chipmunk)? E esse vídeo abaixo?

 

 

O vídeo pode ser visto no site Story of Stuff em idioma original, onde também são encontrados uma série de conteúdos complementares. Para quem teve preguiça e pouco interesse, o vídeo fala justamente sobre essa alienação de toda a população que é cada vez mais consumidora acima de qualquer outra coisa. A falta de visão do processo completo, desde a extração de matéria prima, fabricação, distribuição do produto e o modo que ele é descartado após ter sido utlizado (engraçado pensar que o modelo produtivo Fordista foi gradualmente substituído pois alienava os trabalhadores…e nada é feito por essas empresas para evitar a alienação dos consumidores, muito pelo contrário). Segundo o vídeo, cerca de apenas 1% de todas as coisas produzidas, processadas, compradas e etc continuam a ser utilizadas após 6 meses nos EUA, o que significa que 99% de toda a produção vai para o lixo em menos de 6 meses.

Os custos cada vez mais baixos são justificados pela “externalização de custos”, que significa fazer a população de países subdesenvolvidos pagarem com seu trabalho, tempo e matérias primas pelas ótimas ofertas que encontramos quando vamos fazer compras. A questão da “obsolescência programada” e da “obsolescência percebida” também é abordada, como viabilizador para acelerar o giro de mecadorias no mercado. A reciclagem é tida como necessária, mas inviável como único modo de se pensar uma solução. 

No fundo, o que precisa ser trabalhado é o indivíduo, pois como argumenta Annie Leonard (apresentadora do vídeo), o sistema em que vivemos hoje não é inevitável como a gravidade, pois foi criado por pessoas, e pode, portanto, ser mudado por pessoas. No livro do professor Mario René, “Comportamento do consumidor: identificando necejos e supérfluos essenciais”, esse consumidor (cada vez menos “indivíduo”) é estudado mais a fundo. O consumo é usado como um alívio para o sofrimento, como ele conta, mas é um alívio de duração pífia, pois uma vez feita a compra, o alívio já venceu e outra compra precisa ser feita. Essas “próteses” contra o sofrimento não trabalham o indivído em si, e acabam por aprofundar sua “doença”, sua necessidade por buscar fora de si uma cura temporária e ilusória para seu sofrimento.

Outra referência que merece ser citada é o filme “Corporation“, onde o comportamento das empresas é analisado sob várias ópticas, bem como seu reflexo na sociedade. Para quem quer se aprofundar, a bibliografia é bastante rica. Procurarei escrever mais sobre o tema, condensando mais coisas a respeito. Esse assunto ainda não acabou, está apenas começando.

Sinapse por Pedro Hutsch Balboni, Primeiro de junho de 2009, às 17h

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