Na década de 50, o termo hipster foi usado pelo escritor Norman Mailer para categorizar um grupo de jovens brancos da classe média urbana que curtia ir a clubes de jazz, até então muito frequentados por negros. Isso é o que se compreende por hipster, jovem que cultiva uma cultura não mainstream. Bom, pelo menos se compreendia. A galera do marketing e da mídia passaram a explorar tanto esse grupo que por ironia, tornaram-se mainstream.

E eis que surgem os Yuccies (Young Urban Creatives). Eles não são uns hipsters 2.0, apesar de surgir do mesmo grupo socioeconômico. Deles se manteve, apenas, a criatividade de se quebrar o tradicional e apresentar novas soluções para a vida. Segundo o jornalista David Infante, quem escreveu o artigo no qual esse post se inspira, o sonho de todo Yuccie é enriquecer rápido, mas sem perder a autonomia criativa.

O hipster ser mainstream quer dizer que o estilo de vida até então exclusivo de um grupo é comum à várias pessoas. O que significa não somente que eles perderam a sua característica principal, mas que eles são iguais a todo mundo. Logo, buscam algo que os diferencie novamente. Quando a massa perceber a mesma coisa, em um movimento progressivo, buscarão ser aquilo que os antigos hipster tornaram-se. Isso gera um ciclo.

A partir de um estudo da agência Box1824, esse fenômeno pode ser compreendido, também, como uma consequência da liberdade adquirida pela juventude que dá seus primeiros sinais em Woodstock e o seus netos (como o meu prezado Vittorio Laginestra tratou nesse post). Uma liberdade que começa com a de ir e vir e hoje chega a ser uma liberdade identitária.

Claro que para as marcas fica muito difícil acompanhar e se atualizar o tempo todo de acordo com os nascimentos, mortes e nascimentos de grupos como os hipster e o yuccies. Por isso, elas buscam falar muito sobre a geração jovem como um todo e sua característica em comum, a liberdade de ser quem quiser ser.

Texto de Victor Brandão 

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