No cinema, os planos de ambientação (ou planos gerais) são extremamente utilizados e de grande importância para estabelecer ao espectador onde a história vai ocorrer. No entanto seu potencial pode ser ainda maior quando seu objetivo não é deixar claro o local, mas sim intrigar a plateia sobre o que está por vir, ou o quanto há para descobrir sobre aquele lugar.

Muitas vezes os establishing shots acabam sendo usados de forma preguiçosa, abusando de ícones das cidades para já jogar na sua cara onde a história vai ocorrer. Por exemplo, se um filme acontecer em Paris lá está a Torre Eiffel, se acontecer em Nova York lá está o Empire States, se for em Los Angeles lá está o sinal de Hollywood; e por aí vai.

Um bom plano de ambientação é capaz não só de estabelecer o local da história, como também consegue se associar com elementos da mesma, seja para nos fazer sentir medo, esperança, ansiedade ou felicidade. No primeiro Poderoso Chefão, temos um dos melhores exemplos de um uso diferenciado do plano, quando acompanhamos 2 personagens conversando em um carro – indo para lugares cada vez mais monótonos. No filme, o uso do plano não antecede a cena (como geralmente ocorre), mas sim acontece durante ela. Dessa forma, ela também cria suspense.

Spoilers para O Poderoso Chefão (1972) abaixo.

Filmes que possuem cenários fictícios geralmente conseguem fazer um uso melhor dos planos gerais, fugindo das marcas genéricas de cidades conhecidas. São os casos de Hobbit, Harry Potter ou Tron. Outra forma de ser eficaz é quando o filme se passa majoritariamente em uma só locação, como é o caso de The Hateful Eight, The Shining, O Grande Hotel Budapeste ou Jurassic Park.

No fim das contas, o plano de ambientação pode ir muito além do que seu nome sugere.

Viciado em games, viciado em futebol, viciado em cinema, viciado em séries e viciado em drogas pesadas: leite, glúten e anime.