Estamos vivendo uma época onde talvez o termo mais falado seja inovação. Publicitários tentam inovar no jeito de atingir o público, empresas tentam lançar produtos inovadores e cada vez mais incrementados de recursos para tentar agregar valor a sua marca. É tanta vontade de fazer o novo que pode acabar escondendo que a solução para muitas coisas, hoje, pode estar em algo muito mais básico do que se imagina.

Em 1960, um psicólogo chamado Rober Zajonc resolveu demonstrar que a simples exposição a algumas condições acabam gerando, mesmo que incoscientemente, estímulos mais positivos comparados aos que não eram expostos a essas condições, criando assim o Efeito da Mera-exposição. Em um de seus experimentos  Zanjonc submeteu ovos de galinhas a sons diferentes, com diferentes tons, assim quando nasceram os pintinhos, eles se mostravam mais interessados pelo som que ouviram ainda dentro dos ovos. E para comprovar que tal fenômeno era real, Charles Goetzinger resolveu aplicar um experimento em sua classe na Universidade de Oregon, em 1968. Goetzinger pediu para um aluno levar para a aula todos os dias uma enorme mala e deixa-la no fundo da sala em uma cadeira. No começo os outros alunos estranharam, mas com o tempo ficaram curiosos para saber o que era a mala e depois se acostumaram com a mala, comprovando que as pessoas podem se acostumar, mesmo incoscientemente, com coisas que são estimuladas repetidamente. Ou seja, podemos nos acostumar com coisas que não sabemos que estamos nos acostumando.

Outro fenômeno que pode ser muito interessante é a criação e manutenção de hábitos. Esse pode ser considerado como qualquer comportamento que determinada pessoa aprende e repete frequentemente, sem pensar como deve fazê-lo. Ou seja, a pessoa faz alguma coisa, sem saber muito bem a razão de ela estar fazendo, mas ela faz. E nesse vídeo aqui embaixo podemos ver como o hábito ou costume pode ser uma poderosa ferramenta.

Trazendo isso para a propaganda, no começo do séc. XX os americanos não tinham muito o costume de escovar os dentes, vendo que, na época, só 7% dos lares tinham creme dental, assim a Pepsodente resolveu contratar o publicitário Claude C. Hopkins, para fazer uma campanha e melhorar as vendas. Hopkins resolveu fazer um grande e aprofundado estudo para ter uma campanha consistente, e encontrou uma película natural, que se forma nos dentes chamada de película de mucina. Apesar de natural ninguém quer ficar com uma película nos dente, não é? Mas não interessa o tanto que você escove seus dentes, ela vai estar lá, mesmo assim a campanha se baseou nisso e usando atores e atrizes que se gabavam de não ter a tal placa pois usavam Pepsodent acabaram levando junto com eles mais de 50% da população americana a escovar os dentes diariamente.

Assim juntando apenas esses dois fenômenos pode-se ver que as vezes não é uma ideia super inovadora que revoluciona o mercado ou que muda a relação entre marcas e consumidores. Quem nunca ouviu alguém falando que antigamente era lindo fumar? Porque será que mudou tanto a relação das pessoas com cigarro? Será mesmo que é só por causa dos males que ele causa ou será que tem também o efeito da mera-exposição com a mudança de um hábito? Isso dificilmente levará algum leão em Cannes.

Estudante de Comunicação pela ESPM. Gosto de pensar como as coisas poderiam ser diferentes e se poderiam ser melhores. Me interesso por qualquer coisa, especialmente por redes sociais, tecnologia e música