Todos temos acompanhado há meses os desdobramentos da operação Lava Jato, que procura investigar um esquema de corrupção no coração de nossa principal Empresa Estatal.

Os mais diversos elementos estão envolvidos: políticos, éticos, históricos, financeiros, etc. Há ainda o fato absolutamente inédito de que a operação levou à cadeia empresários de alto escalão em empresas de primeira grandeza.

Mas para o NEWRONIO, queria destacar um tema de grande interesse para a ESPM: a guerra travada no campo da comunicação.

Acossados pela mídia, a presidente e o PT resolveram “sair das cordas” e ir ao ataque. Militantes passam a ocupar suas mídias sociais com declarações dando ênfase reiterativa às seguintes mensagens: a corrupção começou no governo FHC e não foi investigada; só este governo teve a coragem de iniciar investigações; a corrupção se restringe ao interesse individual de alguns, não a um esquema partidário; a Petrobras está sofrendo um ataque institucional, com o plano velado de enfraquecê-la, para que venha ser privatizada.

Do outro lado, a mensagem também exaustivamente reiterada é a seguinte: o governo do PT aparelhou a Petrobras (e não só ela), passando a usá-la como forma de arrecadar fundos de campanha de forma corrupta, em favor de seu projeto de poder. A corrupção anterior era amadora perto do esquema montado pelo PT, que já deixou o próprio “mensalão” para trás, em termos dos montantes financeiros envolvidos. Lula e Dilma seriam omissos ou cúmplices, o que justificaria a ideia de impeachment. Lula tinha bases poderosas e um carisma único e se safou; como Dilma está longe disto e tende a se isolar, por temperamento, seu mandato estaria ameaçado.

A pergunta é: quem está destruindo a Petrobras, que não para de perder credibilidade ante o mundo inteiro? O PT aparelhou e sangrou a empresa? A oposição quer destruir o PT e a Petrobras? Ambos os lados tentam impor sua posição pelo cansaço. O jogo retórico é pesado e, provavelmente, tendamos a aderir ao discurso que já vá ao encontro de nossas convicções anteriores.

Infelizmente, não está em jogo a “verdade”, mas sim quem consegue impor uma vitória semântica e ideológica.

E falando em semântica: se a Dilma cai, temos muito a Temer.

desanti

Pedro de Santi

Psicanalista, doutor em psicologia clínica e mestre em filosofia. Professor e Líder da área de Comunicação e Artes da ESPM.

   

 

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