Sinapse por Pedro Hutsch Balboni, 29/10/2009 às 18h30
O mais difícil de querer falar sobre tendências e blábláblá é que elas acontecem muito rápido. O tal do Google, por exemplo, acabou de ganhar post sobre sua pequena grande inovação na busca por imagens, e já está pedindo mais. Lançou o beta do Android 2 ontem, e hoje saiu o novo Orkut, a maior rede social do Brasil.
Ainda não recebi o convite para ver o tal do novo Orkut, tudo o que sei até agora li em outros lugares, e é sobre isso este pequeno texto. Não, fique tranquilo, não é sobre nenhum sentimento de exclusão por não ter recebido o convite, mas sim sobre essa estratégia tão recorrente de uma das maiores empresas da atualidade em usar sempre convites que começam exclusivos e acabam vindo para todos ao longo do tempo.
Nas aulas de marketing a gente aprende um nome para uma estratégia bem parecida com isso: chama-se desnatamento de mercado. Ela é usada principalmente para produtos tecnológicos, pois eles que têm um ciclo de vida menor devido a constantemente atualização, seguindo os critérios da obsolescência programada. Por exemplo: a Sony acaba de lançar um novo aparelho de televisão, super avançado e inovador, tanto em tecnologia quanto em design; esse produto será lançado a um preço extremamente elevado, que só os aficionados por tecnologia e as pessoas com muito dinheiro irão comprar num primeiro momento. Passado um determinado tempo, o preço será sensivelmente reduzido, dando a possibilidade a outros consumidores também interessados em conseguir comprar o produto; depois de um espaço maior de tempo, o produto já tem um preço acessível à grande parcela da população, e o processo continua nesse caminho progressivamente, como aconteceu com os celulares, que foram introduzidos no Brasil custando cerca de 5 mil reais e hoje podem ser encontrados facilmente a menos de 100 reais. Assim, o mercado é “desnatado” – quem pode pagar mais, paga mais e compra antes; quem não pode paga menos, esperando mais tempo para conseguir realizar a compra.
O Google, numa analogia minha, e não teórica, adaptou esse tipo de estratégia para o meio digital. Quando o Orkut foi lançado pela primeira vez, ele era exclusivo, isso é, só quem tinha recebido convite podia participar e convidar outras pessoas; a mesma coisa aconteceu no lançamento do Gmail, que logo se tornou um grande rival para o antes imperador Hotmail; o Google Wave segue essa mesma estratégia, não posso falar muito sobre ele pois ainda não recebi convite (!); e agora o Orkut é relançado, usando novamente essa mesma estratégia! Um abuso! Mas dá resultado. O “burburinho”, o “bafafá” causado por essa estratégia é uma mídia expontânea de extrema força – num mundo dominado por mídias como o nosso, nada mais crível do que a opinião das pessoas que conhecemos.
E ontem também veio o Twitter seguindo os passos do mestre Google. Um serviço de “listas” foi adicionado a apenas alguns usuários como teste, está em fase beta. Ainda não usei o serviço, aqui no Twitter do Newrônio não temos ele, mas no Twitter das joaninhas tem, então deu para dar uma espiada [ATUALIZANDO: agora já temos essas listas aqui no Newronio! E pelo que vi, todos já tem acesso a elas também]. E o @fepacheco também deu uma explicada sucinta. Trata-se de uma espécie de “recomendação”; se eu estiver em alguma lista de alguém, em alguma determinada categoria, é porque fui indicado por ele (e não preciso estar necessariamente sendo seguido por ele), e posso criar minhas próprias listas, sobre as categorias que eu quiser. Vamos ver como vai seguir isso, mas acredito que será acoplado a todos os Twitters muito em breve.
Twitter @phbalboni @newronioespm
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