Brassaï foi um fotógrafo húngaro que ficou conhecido internacionalmente por retratar a França de maneira ímpar.

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Nascido em 6 de setembro de 1899, em Brassó, na Transilvânia, o país do Drácula, Brassaï já sonhava com a França que seu pai, professor de francês em uma universidade, relatava. Ainda muito novo, com apenas 4 anos, teve a oportunidade de conhecer o país e prometeu voltar para estudar, mas o início da primeira guerra mundial impediu seu plano.

Em 1921, foi para Berlim estudar desenho, arquitetura e escultura na Academia de Belas Artes. Graças ao sua facilidade em criar amizades e a sua curiosidade persistente, ele conheceu grandes artistas e músicos que o influenciaram ao longo de toda sua carreira, como o pintor húngaro Lajos Tihany, que se tornaria seu melhor amigo.

De Berlim partiu para Paris para desenvolver seus conhecimentos e habilidades. Com o pouco dinheiro que tinha, passou a trabalhar em um jornal parisiense como jornalista e a colaborar para revistas alemãs e um diário húngaro. Ao mesmo tempo em que conquistava seu ganha pão, se aventurava pelas noites parienses, acompanhando de perto artistas e fotógrafos famosos em busca das melhores crônicas.

Nessa época, Brassaï ainda não fotografava. Somente 4 anos após se estabilizar na cidade que teve seu primeiro contado com a fotografia. Os redatores-chefes do jornal pediram para ele adicionar fotografias nas crônicas. Então, com a ajuda dos amigos fotógrafos, montou um mini estúdio no quarto do hotel onde vivia, e começou a explorar a nova brincadeira.

As primeiras imagens foram o suficiente para Brassaï se apaixonar pela arte. Uma vez que estava familiarizado com o desenho, uma forma demorada e trabalhosa de expressar emoções, a fotografia foi uma maneira rápida e prática de encontrar novas expressões estéticas.

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A fotografia aumentou ainda mais a sua paixão pela noite. Enquanto Cartier Bresson andava rápido e discreto pelas ruas parienses, Brassaï não se importava em chamar atenção.

Com o seu chapéu puxado sobre a testa e seus longos paletós, ele poderia ser muito bem confundido com um detetive particular, se não fosse pela sua câmera Voigtländer Bergheil de lente fixa 6.5×9 cm em cima de um tripé de madeira.

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Embora tenha tirado fotografias com outras câmeras, ele disse que nunca usaria uma lente 35mm como Bresson, pois não tinha interesse em tirar dezenas de fotos da mesma cena.

Assim ele prosseguia em suas longas caminhadas pelas ruas de Paris, mostrando uma realidade da vida noturna com um olhar de turista.

“Minha ambição sempre foi o de mostrar a cidade todos os dias como se  estivéssemos a descobrindo pela primeira vez.”

Projetando sua primeira publicação, Brassaï buscou inspiração nos costumes noturnos da cidade. Em “A Paris Secreta”, o fotógrafo conheceu de perto a vida noturna de Paris, retratando personagens típicos da cidade, como bêbados, prostitutas, namorados e guardas noturnos.

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Mas foi com “Paris de Noite” que o fotógrafo teve sua primeira consolidação técnica. Brassaï saboreou a escuridão, e com tentativas e erros aprendeu a obter as fotografias que buscava. Ele inventou truques criativos em busca de seus objetivos, como medir o tempo de exposição a partir do tempo que demorava para fumar um cigarro Gauloises.

Todo final da noite, ele voltava para o Hotel para revelar suas fotos. No pequeno espaço disponível, ele fazia as impressões. Nessas impressões eram visíveis a quantidade de escuridão nas fotos. Mas com suas habilidades de pintor, enquadrava seus disparos de modo que as pequenas parcelas de luz ocupassem as grandes áreas escuras. Esse contraste permitiu uma leveza e profundidade em suas imagens que marcaram todo o seu trabalho.

Além disso, o húngaro fazia orgulhosamente uso de uma iluminação auxiliar. Para fotografar o interior de muitos locais, seus assistentes utilizavam um pó explosivo e uma tela reflexiva. O pó era jogado e a explosão funcionava com um flash, produzindo uma iluminação suave que dava a imagem um toque delicado. Porém, o pó fazia muita fumaça, a ponto de Picasso chamar Brassaï de “terrorista”. Mas como eu disse, ele não via problemas em chamar atenção.

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O sucesso premiou Brassaï com espaços em diversas revistas ao redor do mundo, como as europeias Harper’s Bazaar e Vu e a americana Life. Com isso passou a frequentar a alta sociedade pariense, fotografando intelectuais, artistas, políticos e poderosos. Conheceu intimamente Pablo Picasso, recebeu convites para fotografar com ele e se envolveu com o movimento surrealista quando colaborou com o jornal Minotaure, criando imagens de grafites em muros.

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Em 2011, o Brasil teve a oportunidade de conhecer o trabalho do grande artista. Foram setenta e oito imagens da vida noturna parisiense percorrendo Fortaleza, Recife, Curitiba, Campinas e Rio de Janeiro com a ajuda da Aliança Francesa.

Brassaï foi sem dúvida um fotógrafo que conseguiu mesclar a sua relação com a arte com o seu talento fotográfico. Seu trabalho reflete uma Paris pouco conhecida, que se afasta dos centros turísticos e do luxo e mostra um olhar íntimo dos que realmente se apaixonam pela cidade todos os dias.

Abaixo, algumas fotos desse incrível fotógrafo:

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vindo de outros tempos mas sempre no horário.