Nem sempre os mais vendidos, aqueles que fazem você ler na escola ou os que viram filmes com Johnny Depp/Tom Hanks refletem as melhores obras literárias.

Esse post é dedicado a todos os grandes escritores (sejam eles cult ou best-sellers, auto-ajuda não porque daí vira zona) que tem obras melhores/maiores do que a sua criação mais idolatrada.

1 – Fiódor Dostoiévski

Mais famosa: Crime e Castigo
Melhor: Os Irmãos Karamázov

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“São eles, os russos malvados” diria Allen Ginsberg. Ao lado de Tolstói, Leskov, Gogol, Turgueniev e inúmeros outros, Dostoiévski é considerado um dos maiores escritores da história e ocupa um lugar de destaque em uma literatura (a russa) que sempre foi uma aula de escrita e construção narrativa para o resto do mundo.

Por mais que o aclamado Crime e Castigo seja uma obra incrível sobre um ex-estudante de direito, Raskólnikov, que comete um assassinato e enfrenta suas consequências, Os Irmãos Karamázov é um gigantesco ensaio sobre a relação entre pais e filhos (aqueles pais russos são tão frios e implacáveis quanto o inverno do país). Além de ser a última obra do escritor, Os Irmãos Karamázov é considerado por Freud como o “o maior romance já escrito”.

Vai discutir com Freud?

 

2 – Albert Camus

Mais famosa: O Estrangeiro
Melhor: A Peste

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O escritor francês nascido na Argélia e vencedor do Nobel de Literatura em 1957 é mundialmente idolatrado por O Estrangeiro, parte de sua trilogia do Absurdo que mostra a inação e estranhamento de um homem que comete um assassinato e parece desprovido de emoções.

Do outro lado, A Peste, pode ser considerada sua magnum opus. Publicado em 1947, o romance nos mostra a história de alguns trabalhadores que descobrem a solidariedade uns dos outros em meio a uma peste que assola uma cidade da Argélia e mostra os resultados que o sofrimento implica na condição humana. Aqui, ficamos com A Peste.

 

3 – Hunter S. Thompson

Mais famosa: Medo e Delírio em Las Vegas
Melhor: Rum: Diário de um Jornalista Bêbado

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O jornalista e escritor estadunidense Hunter Thompson é o pai do jornalismo gonzo (uma espécie de estilo narrativo que mistura autor e personagem, ficção e não-ficção) e famosos por seu estilo extremamente extravagante que pode ser visto em sua obra mais famosa, Medo e Delírio em Las Vegas (que foi adaptado ao cinema com Johnny Depp no papel principal). A obra acompanha um jornalista que torrou o pagamento de uma matéria ainda não escrita no aluguel de um conversível vermelho (que ele também encheu de drogas) e saiu viajando pelos E.U.A. adentro.

Do outro lado Rum: Diário de um Jornalista Bêbado (também adaptado com Depp no papel principal) acompanha um jornalista estadunidense, Paul Kemp, que abandona os E.U.A. para trabalhar no fictício jornal The Daily News em San Juan, Porto Rico. Deixo aqui meu trecho favorito da obra:

“Você veio pra ficar?”, perguntei, encarando Chenault.
Ela sorriu. “Não sei. Larguei meu trabalho em Nova York.” Olhou para o céu. “Só quero ser feliz. Sou feliz com Fritz… logo, aqui estou eu.”
Consenti, pensativo. “É, isso parece bem razoável.”

Ela riu. “Não vai durar. Nada dura. Mas por enquanto estou feliz.”
“Feliz”, murmurei, tentando definir aquela palavra. Mas essa é uma daquelas palavras que nunca consegui entender direito, assim como Amor. Muitas pessoas que trabalham com palavras não confiam muito nelas, e não sou exceção – especialmente quando se trata de palavras grandiosas, como Feliz, Amor, Honesto e Forte. São palavras fugidias, relativas demais quando comparadas a palavras afiadas e maldosas como Marginal, Vagabundo e Charlatão. Com essas me sentia em casa, porque são mirradas e fáceis de definir, mas as grandiosas são difíceis. Você precisa ser um sacerdote ou um tolo para usá-las com alguma segurança.”

 

4 – Shakespeare

Mais famosa: Romeu & Julieta ou Hamlet (não importa)
Melhor: Rei Lear

Shakespeare

Já confesso logo de cara: Eu acho Shakespeare EXTREMAMENTE superestimado. Para não dizer que o acho enfadonho, forçado e etc.

Romeu & JulietaHamlet dispensam introduções. E a peça Rei Lear não é tão melhor assim, mas ela foi adaptada para o cinema por dois dos maiores cineastas da história: Jean-Luc Godard e Akira Kurosawa (que renomeou a obra como Ran). Com o aval desses dois gigantes da sétima arte eu também fico com Rei Lear, uma peça que nos mostra um rei que enlouquece após ser traído por duas de suas três filhas, às quais legou seu reino de maneira insensata.

 

5 – José de Alencar

Mais famosa: Iracema
Melhor: Senhora

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Ilustração de autoria de Daniel Brito

Você lembra quando fizeram você ler Iracema na escola, não? Se você viu Pocahontas ou Avatar, já conhece a história (que Alencar provavelmente copiou de alguma narrativa estrangeira, assim como copiou Lucíola de A Dama das Camélias, que pra quem não sabe, originou a ópera La Traviata de Giuseppe Verdi e que por fim deu origem àquela lástima que é o filme Moulin Rouge).

Agora, Senhora, é um romance urbano que nos mostra muito da sociedade brasileira do século XIX e bota em cheque o amor quando confrontado com o interesse. É sensacional!

 

6 – Agatha Christie

Mais famosa: Assassinato no Expresso Oriente
Melhor: O Assassinato de Roger Ackroyd

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A Rainha do Crime além de autora mais vendida da história escreveu livros que foram traduzidos para mais de 100 idiomas. Em Assassinato no Expresso Oriente somos apresentados a um mistério no formato de “locked room”, onde ocorre um crime e a suspeita recai sobre todos os presentes e, nesse caso, é investigada por Hercule Poirot um dos 2 maiores detetives da ficção (o outro é Sherlock Holmes).

Do outro lado O Assassinato de Roger Ackroyd é o primeiro grande sucesso da autora e considerado uma de suas obras-primas devido ao seu desprezo por algumas convenções do romance policial. Nele, Poirot investiga uma sequência de crimes com inúmeras reviravoltas e suspeitos novos surgindo a todo o tempo. Aqui, ficamos com a quebra das convenções e uma revolução no romance policial.

 

07 – Franz Kafka

Mais famosa: A Metamorfose
Melhor: O Processo

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O escritor tcheco considerado um dos mais influentes do século XX mostra em A Metamorfose um caixeiro-viajante (Gregor Samsa) que acorda em uma manhã metamorfoseado em um gigantesco inseto (que se assemelha a uma barata gigante).

Em O Processo acompanhamos a história de Josef K., personagem que acorda em uma certa manhã e acaba sendo preso e submetido a um longo e imcompreensível processo por um crime não revelado. Vale lembrar que O Processo é uma obra inacabada que, após a morte de Kafka, foi editada por seu amigo, Max Brod, do jeito que ele julgou coerente. O Processo, mesmo inacabado é uma das maiores obras da história da literatura, portanto ficamos com ele.

 

08 – Stephen King

Mais famosa: O Iluminado
Melhor: A Dança da Morte

Stephen King

O mestre do horror tem em O Iluminado sua obra mais famosa (principalmente pela adaptação de Kubrick para os cinemas com Jack Nicholson no papel principal). O Iluminado nos mostra Jack Torrence, um alcoólatra aspirante a escritor que aceita um emprego como zelador na baixa temporada de um Hotel para onde se muda com sua família com sua esposa Wendy e seu filho Danny. Danny é “iluminado” por uma habilidade sobrenatural que permitem que ele veja o passado aterrorizante do hotel e ao longo da história as forças sobrenaturais do local começam a influenciar a sanidade de Jack, colocando todos em perigo.

Em A Dança da Morte, King nos apresenta um mundo pós-apocalíptico na década de 80 devastado por uma grande peste, onde os sobreviventes escolhem seus lados (ou são escolhidos). Os bons se juntam a Mãe Abigail, com 108 anos de idade, e os piores pesadelos do mal são incorporados em um indivíduo de poderes indescritíveis: Randall Flagg, o homem escuro. Em A Dança da Morte, King criou uma história épica sobre o fim da civilização e a interminável batalha entre o bem e o mal. Estamos sempre, sempre do lado épico.

 

09 – Dan Brown

Mais famosa: O Código da Vinci
Melhor: Anjos e Demônios

Dan Brown Presents His Book 'The Lost Symbol' In Italy

Se eu tivesse a centésima parte dos royalties desse cara eu não precisaria trabalhar mais nem um segundo da minha vida. Dan Brown chegou a colocar 4 de seus livros simultaneamente na lista dos mais vendidos do The New York Times.

O maior sucesso do escritor é o polêmico best-seller O Código da Vinci. Sinopse: Robert Langdon, conceituado simbologista, está em Paris para fazer uma palestra quando recebe uma notícia inesperada: o velho curador do Louvre foi encontrado morto no museu, e um código indecifrável encontrado junto ao cadáver. Na tentativa de decifrar o estranho código, Langdon e uma dotada criptologista francesa, Sophie Neveu, descobrem, estupefactos, uma série de pistas inscritas nas obras de Leonardo da Vinci, que o pintor engenhosamente disfarçou. Tudo se complica quando Langdon descobre uma surpreendente ligação: o falecido curador estava envolvido com o Priorado de Sião, uma sociedade secreta a que tinham pertencido Sir Isaac Newton, Botticelli, Victor Hugo e Da Vinci, entre outros.

Já em Anjos e Demônios, a primeira aparição de Robert Langdon, vemos toda uma intriga escondida pelo Vaticano e, para mim, quanto mais profano, melhor. Sinopse: Quando um famoso cientista do CERN é encontrado brutalmente assassinado, o professor de simbologia Robert Langdon é chamado para identificar o estranho símbolo gravado no peito do cientista. A sua conclusão é avassaladora: a marca é de uma antiga Irmandade chamada Iluminatti, supostamente extinta há séculos e inimiga da Igreja Católica. Em Roma, o Colégio dos Cardeais está reunido para eleger um novo Papa quando se apercebe do rapto de quatro cardeais, ao mesmo tempo que a Guarda Suíça é informada de que uma perigosa arma está na Cidade do Vaticano com o propósito de a destruir. Robert Langdon – quem não o conhece? – ajudado desta vez por Victoria Vetra, cientista do CERN, procura desesperadamente a antimatéria no meio das intricadas pistas deixadas pelos Iluminati, lutando contra o tempo para salvar o Vaticano.

 

E você, discorda com algo dessa lista? Acha que alguém ficou de fora? O choro é livre aqui nos comentários.

 

Sai sempre de casa com uma palheta, uma câmera e um livro.